Irmão de presidente da Cemig assumirá conselho da Copasa

Bruno Porto (bporto@hojeemdia.com.br) / Tatiana Moraes (tmoraes@hojeemdia.com.br)
05/01/2016 às 14:03.
Atualizado em 16/11/2021 às 00:53
 (Wesley Rodrigues/Hoje em Dia)

(Wesley Rodrigues/Hoje em Dia)

O ex-diretor da Copasa Rêmulo Borges será eleito nesta quarta-feira presidente do Conselho de Administração da estatal controlada pelo governo mineiro. Uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) foi convocada para eleição de um novo membro, e ele é a indicação do Estado e único candidato à vaga. Rêmulo é irmão do atual presidente da Cemig, Mauro Borges.

Rêmulo Borges foi diretor técnico de Novos Negócios da Copasa até 5 de novembro do ano passado, quando foi demitido em um amplo corte que eliminou 56 cargos comissionados e dispensou quatro diretores. Exatos três meses após a exoneração, Rêmulo volta agora para o cargo de conselheiro.

Mudança na Cemig

Enquanto Rêmulo espera assumir uma cadeira na Copasa, o irmão, Mauro, pode deixar o comando da empresa de energia do Estado. Integrantes do alto escalão estatal admitem a possibilidade de o atual presidente, investigado na operação Acrônimo, deixar a presidência da empresa. A informação circulou nesta segunda-feira nos bastidores, mas foi rechaçada tanto pelo governo estadual como pela própria companhia. Diante da turbulência, as ações da empresa tiveram queda superior a 5% no primeiro pregão do ano.

O pedido de demissão teria sido motivado pelo fato de Borges ser investigado na Operação Acrônimo, que averigua lavagem de dinheiro, desvio de verbas federais e caixa 2 eleitoral. A investigação de Borges diz respeito ao período em que o executivo esteve à frente do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), substituindo Fernando Pimentel, entre fevereiro e dezembro de 2014. O governador de Minas Gerais é o principal investigado pela Acrônimo.

De acordo com uma fonte ligada à alta cúpula da Cemig, caso haja uma troca de presidentes, o novo comandante deve ser extremamente ligado ao governador. “Inclusive, deve haver uma empatia pessoal”, diz a fonte. A aceitação pelo PT, partido do governador, também é importante. Marco Antônio Castello Branco, conselheiro da Cemig e presidente da Codemig, é um dos nomes citados para assumir o cargo da principal empresa de Minas.

Impacto nas ações
Para os papéis da companhia, uma substituição pode ser benéfica. A Cemig tem como principal parceira a Andrade Gutierrez, que teve executivos presos na operação “Lava Jato”. Entre eles, o presidente da empreiteira, Otávio Marques de Azevedo, conselheiro da estatal mineira. A companhia convocou Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para o próximo dia 20. Na ocasião, Ricardo Coutinho de Sena, ex-presidente da Andrade Gutierrez Concessões, ocupará oficialmente o lugar de Azevedo.

Na avaliação do presidente do Instituto Mineiro do Mercado de Capitais (IMMC), Paulo Ângelo Carvalho de Souza, o possível envolvimento dos executivos no desvio de dinheiro pode atrapalhar a captação de recursos no mercado.

A companhia tem R$ 4,281 bilhões em dívidas para vencer em 2016 e R$ 11 bilhões até 2022. Para quitar parte dos débitos, a Cemig vai utilizar R$ 2,5 bilhões, entre recursos próprios e de terceiros. A permissão foi dada por meio de três decretos do Governo, publicados em novembro, que garantiram, ainda, que R$ 800 milhões fossem utilizados no pagamento de dividendos a acionistas.
 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por