Jogamos 'Unsighted', game brasileiro com estilo retrô e trama complexa

Marcelo Jabulas
@mjabulas
28/10/2021 às 07:49.
Atualizado em 05/12/2021 às 06:08
 (Fotos pixel punk studios/ Divulgação)

(Fotos pixel punk studios/ Divulgação)

De pixel em pixel a produção brasileira de games vai ganhando volume e qualidade. Nos últimos anos, produções como “Horizon Chase”, “Heavy Metal Machines”, “Tcheco in the Castle of Lucio” e o mineiro “Dandara”, são alguns títulos que têm ajudado a colocar os estúdios tupiniquins no mapa da indústria de jogos. E uma das mais recentes produções que chegou ao mercado é “Unsighted”, com versões para PC, PS4, Xbox Series X/S, Xbox One e Swtich, e preços entre R$ 50 a R$ 105.

Produzido pela Pixel Punk Studios, o game tem estilo metroidvania (em que é preciso abrir o caminho combinando elementos de diferentes pontos do mapa) e gráficos em pixel art, que fazem deste game bastante atraente aos olhos. Ao contrário de “Metroid” (game que deu origem a esse modelo de exploração), o game tem visão isométrica e não plataforma 2D.

A história se passa no futuro, num ambiente em que humanos e robôs convivem de forma pacífica. No entanto, um meteoro cai na Terra, contendo uma elemento desconhecido que provoca cisão dos grupos. A partir daí, o caos está instalado. Na trama, Alma desperta em um laboratório. Ao que tudo indica ela era fruto de algum tipo de experimento, mas não consegue se recordar. 
Essa falta de memória nos leva ao clássico “Flashback”, produzido pela Delphine Software. A construção da memória faz parte do desenrolar da trama, como no game de 1992. 

Dentro do laboratório em ruínas, ela precisa buscar informações e encontra um arquivo que explica um pouco sobre quem ela é. A protagonista descobre que é uma autômata (termo em latim, que define uma máquina autossuficiente). No caso de Alma, ela é uma espécie de “arma viva”. Pela falta de programação, Alma se torna consciente.

Jogabilidade

Na fase introdutória, o jogador aprende algumas das mecânicas básicas do game. Dica: É mais prático jogar no joystick do que na combinação de mouse e teclado. 

É nessa fase que se aprende a explorar e interagir com elementos do cenário. Também se descobre os movimentos de luta e esquiva, com direito a um inimigo inicial e pequenas criaturas para treinar a pontaria. No game, Alma pode adicionar itens para melhorar sua performance. São como placas de circuito que melhoram suas habilidades. 

Metroidvania

Procurar e combinar elementos do cenário para liberar acessos é fundamental no desenrolar do jogo é tão ou mais importante que as batalhas. Nos quebra-cabeças, é preciso matutar um bocado para abrir novo caminhos.

Já nas lutas, o jogador acaba se condicionando a encontrar o timing ideal para desferir golpes e se esquivar. O principal cuidado é não esgotar a barra de fôlego. Alma consome energia enquanto aplica os golpes. 

Como não poderia faltar num game de estilo retrô, não chefes imensos. A cada estágio surgem criaturas imensas. Descobrir os pontos fracos, muitas vezes demora bastante. Recolher insumos, como sucata, galhos e demais elementos são fundamentais para melhorar os equipamentos de Alma e equilibrar os combates.

Relógio

Um fator interessante é que Alma precisa completar sua jornada dentro de um prazo predeterminado. Por ser uma autômata, ela também depende da energia do meteoro. Aposto que o amigo também se lembrou de “Prince of Persia”. Se não bastasse, os NPCs que auxiliam Alma também dependem do isumo. Se ela não distribuir eles ficam pelo caminho.

Gráficos

Como já foi dito, o jogo tem visual retrô. O estilo Pixel Art, além de seu charme saudosista, é um recurso que permite criar games complexos, sem um volume imenso de dados e orçamentos nababescos. Mesmo assim, os cenários são detalhados, o que mostra o esmero do estúdio. 
O game apresenta soluções inteligentes para criar efeitos de luzes, sombras e chuvas. Não é nada que já não foi mostrado em games como “Zelda: Link to the Past” ou “Chrono Trigger”. Mesmo assim, são caprichos que contribuem para a imersão do jogador.

Palavra final

“Unsighted” é um game que merece ser jogado. Não por ser uma produção nacional, mas pelo fato de ser capaz de combinar elementos de jogos do passado, com desafios contemporâneos. A necessidade de busca por recursos, personagens, exploração e melhorias são o que fazem esse jogo tão intrigante. 

O jogador sabe qual é o caminho, mas precisa encontrar meios de acessar. São elementos que adicionam uma carga de imprevisibilidade. É possível deduzir que algo irá acontecer, mas nunca se sabe como será. 
“Unsighted “ é como jogar “Metroid”, numa exploração frenética, combinado com a tensão de “Prince of Persia” e a busca de sentido de “Flashback”. É um game fantástico.

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