Jornalistas são presos na Turquia acusados de envolvimento com oposição

Estadão Conteúdo
14/12/2014 às 18:00.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:23

Ao menos 24 pessoas, incluindo jornalistas e produtores de TV, foram presas neste domingo (14) em operação realizada pela polícia turca contra o movimento liderado pelo clérigo islâmico moderado Fethullah Gulen, acusado de fazer forte oposição ao governo do presidente Recep Tayyip Erdoga. Segundo agência de notícias local, um tribunal da Turquia emitiu 32 mandados de prisão contra pessoas suspeitas de ligação com o movimento. Entre os presos, estão o editor-chefe do jornal Zaman, Ekrem Dumanli, e o presidente-executivo da rede de televisão Samanyolu, Hidayet Karaca.

Este foi o mais recente ato de repressão sobre o movimento. O governo alega que os detidos são suspeitos de "usar intimidação e ameaças" para tentar tomar o controle do país. Ainda segundo o governo, o movimento liderado por Gulen orquestra um plano para tentar derrubar o presidente. O clérigo, exilado nos Estados Unidos, nega as acusações. Durante um discurso neste sábado, Erdoga prometeu "derrubar a rede de traição e fazê-lo pagar".

A chefe de Relações Exteriores da União Europeia, Federica Mogherini, e o Comissário para Política Europeia de Vizinhança, Johannes Hahn, consideraram as prisões "incompatíveis com a liberdade de imprensa, que é um principio fundamental da democracia". Eles sugeriram ainda que a questão poderia refletir sobre a candidatura de adesão da Turquia à UE.

Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA emitiu um comunicado expressando sua preocupação com o ocorrido. "Como amigo e aliado da Turquia, instamos as autoridades turcas a assegurar que suas ações não violem esses valores fundamentais e as próprias bases democráticas da Turquia".

Centenas de manifestantes turcos se reuniram em frente à sede do jornal Zaman para protestar contra as prisões dos jornalistas e exigindo a liberdade de imprensa no país. Associações de jornalismo da Turquia também denunciaram a ação do governo. A organização internacional Human Rights Watch afirmou que as detenções parecem "outra tentativa de reprimir criticas da mídia".

No início deste ano, vários policiais suspeitos de envolvimento com o movimento de Gulen também foram presos, acusados de realizar escutas ilegais. Parte da população da Turquia vê no movimento uma alternativa moderada às interpretações mais radicais do Islã. Fonte: Associated Press.
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