Kalil insiste em jatos no Aeroporto da Pampulha

Filipe Mota
fmotta@hojeemdia.com.br
17/05/2017 às 20:49.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:35

O prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PHS) creditou à interferência do ministro da Secretaria Geral da Presidência, Moreira Franco, a decisão da última sexta-feira, do Ministério dos Transportes, de proibir a operação de voos de grande porte no aeroporto da Pampulha. Ele também afirmou que a medida segue uma lógica de defesa de empresas privadas ao invés do interesse da população.

Ao lado da Infraero, Kalil era um dos principais apoiadores da volta dos grandes jatos ao terminal.
O prefeito foi irônico ao se referir a Moreira Franco, que vem pouco a Belo Horizonte. “Ficamos sabendo ontem que a ordem veio do ministro, que frequenta Belo Horizonte, que vive Belo Horizonte, que conhece muito Belo Horizonte, que é o ministro Moreira Franco. É um cara que é assíduo na cidade, conhecido da população. Ele resolveu dar uma canetada e resolveu o problema de Belo Horizonte, que é um lugar que ele conhece muito”, criticou.

Decisão desta semana da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) libera os voos de grande porte, mas desde que eles sejam regionais, conforme “diretrizes do Conselho de Aviação Civil”.

Moreira Franco

O ministro Moreira Franco rebateu as críticas de Kalil. “São declarações absolutamente inconsequentes de quem não me conhece, porque eu não o conheço o suficiente para fazer nenhum juízo sobre ele. Acho uma irresponsabilidade um prefeito de uma capital tão importante quanto Belo Horizonte fazer esse tipo de declaração”, disse o ministro.

Em relação a possível interferência na proibição da operação de grandes voos no aeroporto da Pampulha, o ministro afirmou que não tem responsabilidade no assunto.

“Ele quer me atribuir uma responsabilidade que eu não tenho. Eu não estou acompanhando o caso e existe dentro do governo quem cuida dessas questões de governança. Ele (Kalil) como prefeito de uma capital tão importante deveria saber quem é o responsável por encaminhar no Brasil questões dessa natureza”, finalizou.

Interesse privado

Uma das justificativas para a portaria do Ministério dos Transportes que proibiu jatos na Pampulha é que a eventual retomada do terminal traria insegurança para os investidores de parcerias público-privadas, como é o caso da BH Airport, atual concessionária de Confins. Kalil rebateu o argumento e afirmou que o governo federal agiu em defesa de empresas, ao invés de se atentar para a população.

“O objetivo (do governo federal) foi ajudar empresa privada! Esse aqui é o país da empresa privada. O que nós queremos é o público. Estamos aqui para defender a coisa pública. Quem tem que defender empresa privada não é governo, não é ministro”, disse.

Ele também chamou de “pequenez” a avaliação de que voos para Rio, São Paulo ou Brasília, partindo da Pampulha, prejudicaria o terminal internacional e que deveria se pensar na atração de passageiros das regiões Norte e Nordeste para voos para a Europa e Estados Unidos.

O prefeito disse que não quer “brigar” por conta do aeroporto, mas que continuará lutando para que a portaria do Ministério dos Transportes seja revista e que, para isso, acionará deputados federais e senadores.

“Não quero brigar com ninguém, eu não quero nada. Agora, lutar, eu tenho a obrigação de lutar por uma área importante, para revitalizar uma zona importante que está morta em Belo Horizonte”, afirmou.

 Prefeito vai recorrer de decisão que manteve desaprovação de contas da campanha

O prefeito Alexandre Kalil (PHS) se defendeu ontem sobre a decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) que rejeitou as contas da sua campanha à Prefeitura de Belo Horizonte e afirmou que irá recorrer.

Na terça-feira, o TRE manteve, por unanimidade, decisão de primeira instância contra o prefeito. A juíza Cláudia Coimbra, relatora do processo no colegiado, afirma haver impossibilidade de “comprovação da origem dos recursos de R$ 2,2 milhões que foram creditadas na conta de campanha”.
Os valores estariam relacionados à venda de um apartamento que foi de Kalil e de outro imóvel que pertenceu aos filhos dele.

“Nós vamos recorrer a Brasília (no TSE). Sobre a ‘venda fictícia’, o apartamento já foi desocupado e entregue. É uma coisa engraçada, porque todos os desembargadores que votaram sabiam que o apartamento estava desocupado e entregue. Essa que é a ‘venda fictícia’. Não é dinheiro de caixa dois. É um imóvel que existe, que nós desocupamos e entregamos ”, afirmou o prefeito.

Kalil disse ainda que “nada o abala”. “Nós nunca tínhamos feito nada com dinheiro público. Eu nunca tinha colocado a mão em dinheiro público na minha vida. Era uma venda de privado para privado. Inventaram isso aí. Eu respeito a decisão, mas gostaria de afirmar à população de Belo Horizonte que a ‘venda fictícia’ foi entregue e que nós inclusive já recebemos mais uma parcela”, declarou.

Entenda o caso

A defesa de Kalil afirma que os R$ 2,2 milhões são provenientes de recursos próprios, vindos da venda de 37,5% de um imóvel de Kalil, no bairro Lourdes, para seus três filhos, conforme aponta a assessoria do TRE.

A venda foi feita no dia 10 de outubro de 2016. Acontece que, no mesmo dia, também conforme o TRE, os filhos de Kalil venderam outro imóvel, no bairro Serra, para a CBC Imóveis e Conservadora, no valor de R$5.231.250. No dia 14 de outubro, parte da cifra da venda desse apartamento da Serra, exatamente R$ 2.231.250, foi transferida para Kalil.

Apesar da decisão de terça-feira, Kalil segue no cargo enquanto o processo tramita na Justiça Eleitoral.


 

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