Minas Gerais deverá colher em 2017 a maior safra da história, estimada em 13,6 milhões de toneladas. E esse recorde já começou a alavancar a economia de cidades do “cinturão dos grãos”, formado pelas regiões do Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste, com aumento de empregos e consumo. Há empresários do comércio esperando aumento de até 20% nas vendas.
Segundo dados divulgados ontem pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o que será colhido em Minas Gerais neste ano é 15,3% superior aos 11,8 milhões de toneladas da safra anterior. A projeção reflete o que deve ser plantado e colhido entre outubro de 2016 e setembro de 2017 frente ao mesmo intervalo anterior.
Os grãos mais produzidos no estado são milho e soja. A projeção é que apenas em milho sejam colhidos 7,7 milhões de toneladas e em soja mais 4,5 milhões de toneladas.
Chuvas
Segundo o gerente de avaliação e levantamento de safra da Conab, Cleverton Santana, a projeção leva em conta o bom regime de chuvas até o momento e a boa expectativa das condições climáticas futuras para o ano. “No ano passado, problemas climáticos refletiram na redução da área plantada. Neste ano, esperamos aumento dessa área”, afirma.
A notícia é animadora, principalmente para as regiões e cidades com vocação agrícola. “Uma safra maior movimenta a economia de cidades predominantemente agrícolas. Lembrando que estamos em uma crise”, diz.
E esse movimento positivo já é sentido antes mesmo do início da colheita. Paulo Kober, sócio-proprietário da Redemaq, concessionária de máquinas agrícolas com unidades em Paracatu (Noroeste) e Patos de Minas (Alto Paranaíba) diz que a expectativa é de reversão do movimento de queda nas vendas experimentado nos últimos dois anos.
“Nós dependemos basicamente de três coisas: produção, demanda e políticas agrícolas do governo. Com as duas primeiras já indo bem, vamos bem também”, afirma.
Uma safra recorde vem como um alento para a empresa, que teve queda nas vendas superior aos 50% nos últimos dois anos. Para Kober, neste ano dá para crescer 20%, graças as boas perspectivas de produção agrícola.
O reflexo na economia das cidades produtoras de grãos é tamanho que até setores que não compõem a cadeia do agronegócio são beneficiados.
Comércio
Um exemplo, é o grupo Zema que tem 80 lojas e 35 postos de gasolina nas regiões do Alto Paranaíba, Triângulo e Noroeste. Segundo o presidente do conselho do grupo, Romeu Zema, os anos de 2015 e 2016 foram os piores da história da empresa, quando o faturamento caiu 12% e 9%, respectivamente.
Já para 2017, graças a safra recorde, o esperado é frear o ciclo de quedas e alcançar um faturamento, pelo menos, 4% superior ao ano passado.
“Com safra maior, mais gente é contratada e passa a consumir”, afirma.
Colheita recorde deverá reduzir custo da cesta básica no país*
Se a inflação e o custo da cesta básica tiraram o poder de compra dos brasileiros no último ano, em 2017 o cenário deverá ser diferente. Com uma safra recorde de grãos, o preço de boa parte dos alimentos deverá recuar.
“A ração dos animais é feita de milho e sorgo, basicamente. Com uma produção maior, o custo ficará menor para o produtor com o consequente barateamento de produtos como carnes, ovos e leite”, afirma o analista de agronegócio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Caio Coimbra.
No Brasil, a produção de grãos na safra 2016/2017 deverá bater a casa dos 219,11 milhões de toneladas. O número é recorde, da mesma forma que em Minas Gerais, e equivale a um aumento de 17,4%, ou 32,5 milhões de toneladas frente ao intervalo anterior, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgados ontem.
A estimativa positiva se deve à recuperação da produtividade média das culturas - indicador que leva em conta produção e área utilizada.
A área total também tem números positivos, com perspectivas de ampliação em 2,1%, ou 1,2 milhão de hectares, quando comparada à safra anterior, podendo atingir 59,54 milhões de hectares.
Soja
Para a soja, a projeção é de crescimento de 10,6% na produção, podendo atingir 105,56 milhões de toneladas, com aumento de 10,1 milhões de toneladas em relação à safra anterior e ampliação de 1,6% na área.
O milho deve atingir 87,41 milhões de toneladas, com crescimento de 31,4% sobre a safra anterior.
A previsão de colheita de arroz é de 11,9 milhões de toneladas, um aumento de 11,8%frente a safra anterior. O feijão primeira safra deve alcançar 1,41 milhão de toneladas, resultado 36,7% superior à safra passada, sendo 861,6 mil toneladas para o tipo carioca, 319,4 mil toneladas para o preto.
(*) Com agências
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