(Divulgação)
A falta de planejamento e o descontrole nos gastos do consumidor é, culturalmente, uma pedra no sapato (e no bolso) do brasileiro.
Em tempos de crise econômica, com a inflação corroendo a renda, e o desemprego nas alturas, o descompasso entre o rendimento e as despesas é o principal motivo do atraso nas contas de 64,1% dos belo-horizontinos, segundo a Análise de Endividamento do Consumidor, divulgada ontem pela Fecomércio-MG. Conforme a pesquisa, 11,9% dos moradores da capital têm dívidas vencidas.
Embora menor do que o registrado em abril (13,2%), o índice de inadimplência é preocupante, afirma o consultor de finanças pessoais Paulo Vieira. Ele explica que o normal é que a inadimplência dos bancos fique na casa dos 4%. “Quando o índice sobe muito, o crédito encarece. E quem precisa pegar dinheiro emprestado acaba pagando por quem não paga em dia”, explica.
Devedores
O endividamento da população de Belo Horizonte está em 62,7%. De acordo com a analista de pesquisa da Fecomércio-MG, Elisa Castro da Mata Ferreira, o indicador é positivo.
“Quando há endividamento, significa que a pessoa pode parcelar a compra de um bem. Foi uma conquista. Para o comércio também é uma garantia de venda. O problema é quando as pessoas não conseguem honrar com o compromisso”, explica.
O principal responsável pelo endividamento foi o cartão de crédito, com 68,8%, seguido pelos cartões de loja, com 17,2%, e pelos empréstimos, com 4,1%.
Com relação às contas em atraso, 32,3% das pessoas estão com débitos atrasados há mais de 90 dias. O mesmo índice diz respeito às pessoas com contas vencidas há menos de 30 dias.
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Juros altos
A pesquisa aponta que o consumidor parece ter aprendido a trocar dívidas com juros mais altos pelas mais vantajosas.
Mais de 71% dos entrevistados priorizam o cartão de crédito na hora de quitar débitos. Vale lembrar que a taxa de juros do “dinheiro de plástico” é a maior do mercado, com média de 441,8% ao ano.
Em segundo na preferência do pagamento dos consumidores estão os empréstimos bancários e, em terceiro, os cartões de lojas.
Segundo o consultor financeiro, além de trocar dívidas com juros mais altos, é importante ter cuidado com facilidades. “Se a pessoa não têm cuidado com as facilidades oferecidas pelo cartão de crédito, ela não deve utilizá-lo”, exemplifica. E foi justamente isso que 32,4% das pessoas com dívidas em atraso fez, aponta o levantamento.
Outra dica de Vieira diz respeito ao dinheiro que a pessoa deve guardar para si mesma. “Algumas teorias financeiras apontam que é interessante guardar 10% do rendimento líquido. Mas é importante não deixar o dinheiro parado”, ressalta. Editoria de Arte/Hoje em Dia / N/A