Mais por menos: com retração de mercado, consumidor compra imóvel maior a preço mais em conta ​

Tatiana Moraes
22/01/2019 às 21:31.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:10
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

O consumidor que tem dinheiro em mãos consegue fazer bons negócios em imóveis. Embora o preço dos apartamentos tenha aumentado 5% entre janeiro e novembro de 2017 e o mesmo período de 2018, a área comercializada subiu 20%, indicando que o poder de barganha do comprador atingiu o ápice. Os dados são de pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Data Secovi, da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG).

“É possível comprar mais por menos, uma oportunidade de ouro para quem tem dinheiro. As pessoas conseguem negociar mais, pagando um valor até 13% menor pelo metro quadrado”, afirma o diretor da CMI/Secovi-MG e responsável pelo Data Secovi, Leonardo Matos.

Entre novembro de 2017 e igual período do ano passado, o valor médio dos apartamentos saltou de R$ 446,5 mil para R$ 466,6 mil. A inflação no período, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi de 3,59%. No mesmo intervalo, a quantidade de unidades vendidas subiu 2%, passando de 12.667 para 12.917. 

Na Gold Imóveis, na Pampulha, o consumidor tem dado preferência aos apartamentos mais antigos, que costumam ser maiores e mais baratos do que os novos. “Temos poucos lançamentos de imóveis. Os comercializados hoje são antigos, que sofrem defasagem de preço”, afirma o diretor da empresa, Giovanni Baroni. Além da depreciação, ele diz que o fato de o mercado ter ficado retraído por um longo tempo fez com que as negociações beneficiassem o comprador.

Para a diretora da Orcasa Netimóveis, Flávia Vieira, o valor dos imóveis chegou ao fundo do poço. “Quem comprar agora fará um ótimo negócio e certamente realizará lucro no médio prazo. O consumidor ainda detém o poder de barganha, mas a previsão para 2019 é de melhora do setor. Portanto, acho que essas negociações estão com os dias contados”, diz.

O presidente da comissão de Direito Imobiliário da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais (OAB-MG) e diretor da Caixa Imobiliária Netimóveis, Kênio de Souza Pereira, destaca que a retração do mercado beneficiou o comprador de alto poder aquisitivo, que pôde adquirir imóveis ainda maiores pelo mesmo preço. “Percebemos melhoria no mercado de imóveis de alto luxo, que são maiores. Foram vendidos mais imóveis, porém, o preço estava melhor”, diz. 

Ele ressalta, também, que a taxa Selic em 6,5% faz com que o investidor migre da renda fixa para os imóveis. “O CDI está na casa de 6,14%. É mais vantajoso investir em imóveis”, pondera.

Construtoras investem em estratégias para tentar atrair potenciais compradores

Em meio à crise do setor imobiliário e com perspectiva de melhoria em 2019, construtoras voltadas à classe média investem em ferramentas para atrair a clientela. Vale, até mesmo, buscar o potencial comprador em casa e levá-lo de volta, além de reforçar as equipes e caçar o cliente nos semáforos.

Recentemente, a MRV Engenharia buscou clientes em casa com motorista para apresentar um empreendimento imobiliário. O evento, chamado de Dia MRV na Região Metropolitana de Belo Horizonte, será realizado novamente em breve. Além disso, a empresa está em fase de contratação de 30 corretores autônomos para ajudar na comercialização das unidades. 

Experiência em venda, boa comunicação e ensino médio completo são algumas das exigências para as vagas, que estão abertas.

A construtora não poupa recursos quando o assunto é concretizar a venda. “Realizamos frequentemente um café da manhã para receber os clientes aos finais de semana em nossos plantões de vendas, facilitamos o parcelamento da entrada em até 60 vezes, oferecemos para alguns empreendimentos a documentação grátis e damos bonificações”, diz, por meio de nota, a assessoria de imprensa.

Na Direcional, plantonistas são contratados para atrair os clientes até mesmo nos sinais de trânsito. Eles convidam quem passa próximo aos plantões de vendas para tomar um café, um suco ou, caso o potencial comprador recuse as ofertas anteriores, comer uma barrinha de cereal. 

A apresentação do imóvel fica a cargo dos corretores, que tentam fechar negócio.Clique para ampliar

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