Memória da inflação provoca reação do mercado financeiro

Hoje em Dia
29/03/2013 às 07:43.
Atualizado em 21/11/2021 às 02:22

  A presidente Dilma Rousseff fez bem em recuar da posição manifestada em entrevista à Imprensa na África do Sul, posição que, conforme interpretações, valorizava mais o crescimento econômico do que o controle da inflação.    A reação no mercado financeiro foi imediata, e a presidente se apressou em dizer que houve manipulação inadmissível de sua fala e que “o combate à inflação é um valor em si mesmo e permanente” do seu governo.   É isso o que desejam os brasileiros que ainda não se esqueceram dos longos anos de hiperinflação e baixo crescimento que o país viveu desde o início dos anos 80 até meados da década seguinte, quando se iniciou o Plano Real. No qual se vendeu anéis, como a Vale do Rio Doce e o sistema Telebrás, para não perder dedos.    O que transparece da fala de Dilma e que acabou por ofuscar decisões mais importantes da reunião do Grupo dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) é uma reação da presidente da República ao lobby dos que gostariam que o Banco Central aprovasse, na próxima reunião, a alta da taxa Selic – os juros básicos da economia –, a título de combate à inflação.    Há uma corrente de economistas que acredita que tal elevação não teria efeito sobre a inflação e que os únicos beneficiários seriam os que emprestam dinheiro ao governo.    Muitos apostavam nessa alta e, após a fala, a taxa de juros nos contratos do mercado futuro com vencimento em janeiro de 2014 caiu de 7,79%, na véspera, para 7,74%.    A principal crítica dos analistas à declaração da presidente da República foi que ela prejudicou a credibilidade da autoridade monetária. Ou seja, do Banco Central, que na manhã de ontem divulgou o Relatório Trimestral de Inflação, prevendo que no segundo trimestre deste ano a inflação em 12 meses – de julho de 2012 a junho de 2013 – vai estourar o teto da meta, de 6,5%, chegando a 6,7%, mas devendo encerrar o ano em 5,7%. Esse percentual é maior que a previsão anterior, de uma inflação de 4,8% neste ano.    Para o ano que vem, o BC prevê inflação de 5,3% e não mais de 4,9%.   O Banco Central também previu que o Produto Interno Bruto vai crescer neste ano 3,1%, um percentual satisfatório na atual situação da economia mundial.    Ainda na véspera da Sexta-Feira da Paixão, outra boa notícia: a taxa de desemprego de fevereiro nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE ficou em 5,6% em fevereiro, a menor para este mês desde fevereiro de 2003. 

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