Memória da luta contra a ditadura militar em "Setenta"

Luiz Zanin Oricchio - Agência Estado
24/10/2013 às 10:15.
Atualizado em 20/11/2021 às 13:36

Vem sendo lançado um volume considerável de filmes sobre a época da ditadura militar brasileira, em especial sobre a participação da luta armada contra o regime. Muita coisa ainda há por ser contada, como atesta este ótimo documentário intitulado "Setenta', de Emília Silveira.

Jornalista, ela mesma combatente na época contra o regime militar e ex-presa política, Emília narra, neste que é seu primeiro filme, o destino dos 70 presos trocados pelo embaixador suíço Giovanni Bucher em 1971. Essa prática foi adotada pelos grupos armados como forma de libertar companheiros presos, que estavam sofrendo torturas e tinham a vida em risco. A mais famosa dessas ações foi o sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick, que até virou filme de ficção dirigido por Bruno Barreto - "O que É isso, Companheiro?", baseado no livro de Fernando Gabeira, participante da ação.

O sequestro do embaixador suíço é posterior, e foi igualmente bem sucedido. Em troca de sua vida, o regime libertou 70 prisioneiros políticos, que foram embarcados num avião da Varig rumo ao Chile, na época sob o governo socialista de Salvador Allende.

"Dos participantes, escolhi 25 para fazer as entrevistas e acabei conservando 18 depoimentos no corte final", diz a diretora. As razões foram de empatia pessoal e também de narrativa cinematográfica, justifica. Para chegar à duração final, 90 minutos, teve de cortar muito. E esses cortes redundaram numa narrativa muito fluente, pungente e dolorosa às vezes, mas também pintada por um inesperado humor com que os entrevistados, hoje homens e mulheres maduros (na faixa que vai dos 60 e poucos anos entre os jovens a mais de 80 para os mais velhos), reavaliam suas ações da juventude.

"Confesso que fiquei um tanto insegura com esse tom do filme", diz a diretora. "Sabia que iria ser atacada pela direita por causa dos personagens, mas também tinha medo de ser criticada pela esquerda pelo tom empregado em alguns comentários". No fim, aliviada, diz que encontrou compreensão entre as pessoas que estiveram envolvidas na resistência à ditadura. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
http://www.estadao.com.br

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