Mercado prevê PIB ainda pior em 2016

Tatiana Lagôa
tlagoa@hojeemdia.com.br
14/11/2016 às 20:37.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:39

Contrariando a teoria de que a economia do país já bateu no fundo do poço, a projeção de mercado para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro ficou ainda pior. O boletim Focus, divulgado ontem pelo Banco Central (BC), que traz as projeções de analistas de mercado para os principais indicadores macroeconômicos, aponta para uma queda de 3,37% do PIB neste ano, enquanto há sete dias o esperado era uma retração de 3,31%.

Esta é a sexta vez seguida que é verificada deterioração das expectativas. No primeiro boletim divulgado pelo BC neste ano, no dia 8 de janeiro, as projeções eram de um PIB negativo em 2,99%.

Para 2017, a expectativa de crescimento da economia brasileira foi reduzida pela quarta vez seguida, ao passar de 1,20% para 1,13%.

Atividade
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR), divulgado em outubro, que é considerado uma prévia do PIB, também mostrou um recuo da economia de 0,91% em agosto ante julho. Este é o menor patamar desde dezembro de 2009.

Endossando o movimento continuado de recessão, estão as expectativas também negativas para a produção industrial no país. As projeções presentes no último boletim Focus dão conta de uma queda de -6,06%. Na semana anterior, o esperado era uma redução de 6%.

Para o diretor de economia da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Andrew Storfer, a pesquisa indica que os problemas da economia vão além da troca de governo. Apesar de a crise ter sido agravada pelo componente político, a mudança do presidente da República não foi suficiente para promover a retomada dos investimentos no país e de uma guinada na economia, ao contrário do que acreditavam alguns analistas.

“É simplificar muito a questão achar que a mudança de governante iria resolver todos os problemas macroeconômicos do país. Os próprios empresários ainda temem o que pode acontecer com a economia e com os negócios deles. Então não há espaço para investir e gerar empregos”, afirma.

Equilíbrio
O economista acredita que só é possível pensar em reversão do quadro econômico quando o governo equilibrar as contas públicas, reduzir os juros e controlar a inflação.

No que se refere ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), índice oficial de inflação, os analistas são mais otimistas. A projeção média da inflação para este ano caiu de 6,88% para 6,84%. Para 2017, a estimativa passou de 4,94% para 4,93% em uma semana.

O recuo se justifica pela deterioração do emprego e da renda. “Os consumidores estão com menos dinheiro para consumir. A consequência é a queda dos preços”, afirma.

Dólar
A projeção para o dólar no fim deste ano subiu de R$ 3,20 para R$ 3,22. Para 2017, a estimativa passou de R$ 3,39 para R$ 3,40.
Fechado na sexta-feira, o boletim não captou completamente o efeito das eleições de Donald Trump para presidência dos Estados Unidos sobre a moeda. O dólar chegou a R$ 3,40 no dia seguinte à eleição, maior patamar desde junho deste ano.

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