Minas reduz em 34% o desmatamento da Mata Atlântica e cai para segunda posição no ranking

Hoje em Dia
27/05/2015 às 10:27.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:14
 (Leonardo Morais/Hoje em Dia)

(Leonardo Morais/Hoje em Dia)

Depois de liderar por cinco anos consecutivos o ranking nacional de destruição da Mata Atlântica, Minas Gerais perdeu a inconveniente posição para o Piauí, de acordo com o Atlas dos Remanescentes Florestais do bioma, que a Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) lançado nesta quarta-feira (27).

Apesar da posição de segundo Estado que mais desmatou a floresta entre 2013 e 2014, com 5.608 ha, Minas Gerais reduziu em 34% o desmatamento se comparado ao período anterior. Esta é a segunda queda consecutiva na taxa de desmatamento em Minas, que no ano anterior já havia reduzido em 22%, apesar de ter liderado os desmatamentos do bioma no período.

O estudo divulgado nesta quarta, Dia Nacional da Mata Atlântica, aponta a supressão de 18.267 hectares (ha), ou 183 Km², de remanescentes florestais nos 17 Estados da Mata Atlântica no período de 2013 a 2014, uma queda de 24% em relação ao período anterior (2012-2013), que registrou 23.948 ha. Neste período, nove estados apresentaram desmatamento menor do que 100 hectares, aproximando-se da meta de desmatamento zero no bioma.

O Piauí foi o estado campeão de desmatamento no ano, com 5.626 ha – apenas o município de Eliseu Martins foi responsável por 23% do total dos desflorestamentos observados no período, com 4.287 ha. A expansão do cultivo de grãos é responsável pela supressão de vegetação nativa em grandes áreas do Estado no período.

“Sabemos que a expansão agrícola é um importante ativo econômico para o Brasil, mas não podemos continuar a conviver com um modelo de desenvolvimento às custas da floresta nativa e de um Patrimônio Nacional. Por isto entraremos com solicitações de moratórias de desmatamento nesses dois Estados, a exemplo do que ocorreu em Minas Gerais. Nossa sociedade não aceita mais o desmatamento como o preço a pagar pela geração de riqueza”, afirma Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica.

Segundo Mantovani, o recuo é resultado de moratória que desde junho de 2013 impede a concessão de licenças e autorizações para supressão de vegetação nativa no bioma. A ação foi autorizada pelo Governo de Minas Gerais, após solicitação da Fundação SOS Mata Atlântica e do Ministério Público Estadual.

"Minas Gerais liderou o desmatamento por cinco anos consecutivos. O Estado está no limite entre o Cerrado e a Mata Atlântica e historicamente houve muita supressão da mata para produção de carvão. Hoje, essas áreas estão cobertas por plantações de eucalipto", afirmou Marcia.

Regiões

O estudo aponta que apenas seis Estados apresentaram desmatamento acima de um quilômetro quadrado: Piauí, Minas Gerais, Bahia, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Ainda assim, em cinco deles houve redução do desmatamento em relação ao período anterior. A exceção é Santa Catarina, que teve um aumento de 3%.

No Piauí, que está em primeiro lugar na devastação da Mata Atlântica, um único município, Eliseu Martins, foi responsável por 23% do total dos desflorestamentos observados no período, com cerca de 43 km². Pelo segundo ano consecutivo o Atlas aponta um padrão de desmatamento alto no sul piauiense, onde se concentra a produção de grãos do Estado. No período 2012-2013, foram desmatados 66,3 43 km² em municípios da mesma região.

"No Piauí, assim como na Bahia, que é o terceiro no ranking do desmatamento, o que está acontecendo é uma forte pressão na área de fronteira entre a Mata Atlântica e o Cerrado. O avanço da soja está acabando como Cerrado e o desenvolvimento nessas áreas também vem fazendo pressão sobre a Mata Atlântica", explicou Marcia.

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