Minimalismo à mineira: influência do estilo japonês marcou os anos 90

"> Lady Campos - Do Hoje em Dia
22/02/2013 às 17:25.
Atualizado em 21/11/2021 às 01:16
 (Divulgação)

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Um quarto de século de moda, à primeira vista, representa um período relativamente curto para a história. Um passeio pelo final dos anos 80, no entanto, revela importantes mudanças no cenário fashion internacional, brasileiro e mineiro. Entre elas, a abertura das importações no governo Collor. Antes disso, o mercado de moda nacional não competia com o internacional.

“Foi o tempo das etiquetas – sim, se falava etiquetas – para fora, mostradas com ostentação, quando se reafirmou o conceito de grife. Mais tarde, o de marca”, relembra a proprietária da Salamandra Comunicação, a jornalista Heloisa Aline. A época em que mais se consumiu moda no mundo inteiro, segundo estudiosos, também foi pontuada pela forte influência dos estilistas (antes chamados costureiros) japoneses, que mudaram completamente a estética vigente com volumes e dobraduras inusitadas. Mais comum do que se imagina, há 25 anos a produção mais cobiçada de todas levava em conta calças de cintura alta e blazers com ombreiras enormes, “marcando o power woman”, reitera Heloisa.

O minimalismo japonês norteou o trabalho dos estilistas do Grupo Mineiro de Moda (GMM). Nomes como Renato Loureiro (que assinava Pitti), Helen Carvalho (Barbara Bela), Sheila Mares Guia (Allegra), Luiza Magalhães e Marcia Correia (Art Man), Liana Fernandes (Comédia) foram responsáveis por criar peças modernas, ancoradas em técnicas artesanais e com estilo bastante particular.

“A provinciana Belo Horizonte vivia novos tempos com incremento da vida noturna, restaurantes de gastronomia europeia e o mercado de moda local aparecendo nacionalmente”, acrescenta Teresa Cristina Motta, jornalista convidada para implantar o caderno de Moda no HOJE EM DIA, em agosto de 1988. Titita, como é conhecida, lembra que o point da época era a Savassi. “A loja Printemps, de Sônia Pinto, foi a primeira a ganhar arquitetura minimalista de Carico”. O século XXI foi marcado pela globalização na moda e a difusão da informação via web.

Foto: Divulgação

Uma brasileira no topo das paradas de sucesso

Linda e loira, a modelo gaúcha Gisele Bündchen, de 32 anos, casada com o jogador Tom Brady, é uma espécie de midas da moda. Tudo o que a top participa se converte em cifras. A mãe de Vivian Lake, de dois meses, e de Benjamin, de três anos, é o mais novo rosto da linha de maquiagem da Chanel.

Além de ocupar a primeira posição entre as modelos mais bem pagas, Gisele está entre as personalidades femininas mais influentes do século. Graças à sua beleza e ao seu carisma, a moda praia brasileira ganhou status fora do país.

O estilista contador de histórias é sucesso no SPFW

Jovens promissores, Ronaldo Fraga, Martielo Toledo, Eduardo Suppes e Jota Sybbalena, surgiram ainda nos anos 90 e não tinham medo de ousar em criação de calçados e roupas. Único representante mineiro no São Paulo Fashion Week, Ronaldo Fraga é nome de destaque. No evento desde 2001, tem o dom de encantar o público com suas coleções que se transformam em boas histórias. Fraga também foi curador de outro evento de sucesso em território mineiro, o Minas Trend Preview.

São Paulo Fashion Week fez debut na moda brasileira

O aniversário de 15 anos do São Paulo Fashion Week (SPFW), em 2011, celebrou o amadurecimento da moda nacional. Tudo começou em 1994, com o Phytoervas Fashion Week, com desfiles dos estilistas Walter Rodrigues e Alexandre Herchcovitch – que, na época, vendia suas roupas em casa.

Dois anos depois, o empresário Paulo Borges, idealizador do evento, desligou-se da parceria com Cristiana Arcangeli, dona da Phytoervas, e criou o Morumbi Fashion, que existiu entre 1996 e 2000. Foi somente em 2001 que o SPFW ganhou nome e os contornos atuais.

Hoje, o foco da semana não é apenas divulgar o trabalho dos criadores, mas, principalmente, organizar a produção de moda no Brasil, internacionalizar os desfiles e fomentar novos negócios. O SPFW e o Fashion Rio agora se apresentam nos meses de março/abril e outubro/novembro.

Momento de singularidade na moda com "Costura do Invisível" de Jum Nakao

Entre os momentos icônicos no São Paulo Fashion Week e por que não dizer na moda brasileira, a coleção verão 2005 de Jum Nakao, batizada de “Costura do Invisível”, quebrou paradigmas ao abordar a efemeridade das tendências.

O designer estarreceu o público ao mostrar uma série de vestidos de papel (resultado de 700 horas de trabalho envolvendo 150 profissionais) com modelagem inspirada no século XVIII e com delicados detalhes como plissados e vazados a laser que, em minutos, foram rasgados pelas modelos na passarela.

“Quando destruímos a roupa, esta deixou de ter forma, mas não deixou de transformar. Se moda tiver esse momento, sim, é arte” disse Nakao na ocasião. A performance gerou livro e DVD editados pela editora Senac-SP.

Mineiros fazem sucesso em circuito internacional de moda

Francisco Costa, Inácio Ribeiro e Gustavo Lins são mineiros de sucesso no cenário internacional de moda. Natural de Guarani, Costa, desde 2003 atua na direção criativa da Calvin Klein, além de abocanhar dois troféus CFDA, prêmio considerado o Oscar da moda mundial.

Inácio Ribeiro, carinhosamente conhecido como Papaulo, assina com a esposa Suzanne as coleções da marca londrina Clements e veste a cantora Adele e a princesa Kate Middleton. Ele começou na extinta Divina Decadência e, em 1988, foi para Londres. Lins abandonou o curso de Arquitetura para alçar carreira-solo em Paris, onde é o único brasileiro a fazer parte da Câmara de Alta-Costura e também assina a Oje XXI, marca patrocinada pela Fiemg.

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