Moçambique, um parceiro brasileiro em ascensão do outro lado do oceano

Raul Mariano - Hoje em Dia
22/02/2015 às 08:59.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:06
 (Lucas Prates/Hoje em Dia)

(Lucas Prates/Hoje em Dia)

Os pontos em comum entre Brasil e Moçambique vão muito além do idioma e dos traços culturais. Os dois países têm consolidado parcerias comercias que se tornam maiores a cada ano e são impulsionadas, sobretudo, pelo mercado consumidor formado por cerca de 27 milhões de moçambicanos.   Dados do Ministério do Comércio Exterior e da Câmara do Comércio, Indústria e Agropecuária Brasil-Moçambique (CCIABM) apontam que o intercâmbio comercial brasileiro com o país africano cresceu 34,8% entre 2009 e 2013, chegando a US$ 148,6 milhões.   Dentre os principais produtos exportados para Moçambique, estão os veículos para vias férreas como locomotivas diesel-elétricas, que representam mais de um quarto da pauta brasileira para o país. Em seguida, estão as carnes suína e de frango, os cereais, trigo e arroz e, por último, as máquinas mecânicas como os elevadores.   Apesar de ainda ter uma participação pequena no comércio exterior brasileiro (0,03%), Moçambique tende a conquistar mais espaço. Indicadores econômicos publicados em 2014 pelo Standard Bank, maior banco da África, projetam que a classe média moçambicana crescerá 250% nos próximos 15 anos.   Para a gerente geral da Câmara do Comércio, Indústria e Agropecuária Brasil-Moçambique (CCIABM), Liz Lacerda, o aumento da renda média dos moçambicanos é um indicador de que o país vai se tornar mais atrativo para empresas brasileiras nos próximos anos.   Ela explica que Moçambique é um país em desenvolvimento, que tem realizado inúmeras reformas estruturais para atrair investimentos estrangeiros, o que torna as perspectivas de crescimento econômico animadoras.    “Nenhum país na África crescerá tanto nos próximos anos quanto Moçambique, que hoje possui um PIB de quase US$ 16 bilhões, com uma taxa de expansão média de 7% ao ano. Entre os anos de 2013 e 2014, a renda subiu 11%, e a expectativa é que o país siga esta linha de crescimento”, diz.   Competitividade   O Brasil é o único país membro do BRICs (grupo de emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que possui vínculo histórico-cultural com Moçambique e o quinto parceiro comercial mais importante para o país.    Além disso, a inexistência de barreira linguística contribui para que as transações comerciais possam fluir mais facilmente.   “Depois da África do Sul, Portugal, Índia e China, nós somos o país mais importante para Moçambique comercialmente. Mas sem dúvida somos os mais relevantes em termos de cooperação internacional. A imagem dos moçambicanos em relação aos brasileiros também é muito positiva”, destaca Liz Lacerda.   Migração   A presença de moçambicanos no Brasil também não é pequena. De acordo com o Consulado de Moçambique, são 345 vivendo em Belo Horizonte, mais de quatro mil em Minas Gerais e cerca de nove mil em todo o país.   Outra prova de que as relações entre os dois países tendem a se fortalecer é a construção da sede própria do consulado de Moçambique em uma área de 20 mil metros quadrados em Vespasiano, na Grande BH.    O terreno doado pela prefeitura do município vai abrigar o primeiro consulado no Brasil construído fora de uma capital.    Empreendedores buscam incentivos governamentais e mercado em expansão   Mais de 20 mil brasileiros vivem atualmente em Moçambique, segundo estimativa do Consulado de Moçambique em Minas Gerais. Um dos motivos é a grande atratividade do país para investidores brasileiros.   O Cônsul de Moçambique em Minas, Deusdete Gonçalves, explica que a legislação desburocratizada agrada o perfil do empresariado brasileiro, habituado com um sistema tributário complexo e oneroso.   “Em Moçambique, toda a tributação para as empresas é concentrada em um imposto único de 15% sobre o faturamento. Isso sem falar no período de carência concedido pelo governo, que, em alguns casos, pode chegar a 15 anos”, ressalta.   Para os próximos anos, as projeções do Monitor Internacional de Negócios (BMI) apontam que a economia moçambicana crescerá cerca de 10% até 2023. No continente africano, nenhum outro país tem projeções de crescimento maiores.  

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