Moradores da Pampulha rejeitam ampliação de voos no aeroporto

Giulia Mendes - Hoje em Dia
28/04/2015 às 06:10.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:48
 (Amadeu Barbosa/Arquivo)

(Amadeu Barbosa/Arquivo)

A ampliação da capacidade de operação do aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, pretendida pelo governo de Minas e pela Infraero, conforme o Hoje em Dia mostrou no último domingo, não agrada aos moradores da região. Eles temem maior impacto no trânsito da região, que já é considerado complicado, e argumentam também para a questão de muito barulho e falta de segurança.

Estes pontos foram insistentemente apontados pelos moradores como grandes problemas na época em que se estudava a transferência dos voos para Confins. Naquele período, houve uma forte mobilização da comunidade no entorno do terminal de BH.

Mobilização que deve ser retomada agora com a mudança de planos para o aeroporto. Associações de bairros se reunirão para discutir os impactos da retomada de voos nacionais e com aeronaves de grande porte no terminal.

“Estamos dispostos a pressionar os governos estadual e federal, juntamente com as outras associações, para encontrar uma solução técnica que evite o ruído, hoje uma das principais perturbações para os moradores. Aumentando o número de voos, esse incômodo será ainda mais frequente”, disse o vice-presidente da Associação Pro-Civitas dos bairros São Luís e São José, Claude Mines.

E ele contará com o apoio da associação dos moradores da região do bairro Jaraguá. Segundo Walewska Abrantes, que faz parte desse grupo, além do barulho, há uma preocupa muito grande com o trânsito. “Os bairros localizados no entorno do aeroporto já são carentes de meios de transporte eficientes e intervenções de mobilidade urbana”.

Para o especialista em trânsito e transporte Silvestre Andrade, a preocupação dos moradores é “legítima”. “O aeroporto da Pampulha tem uma grande vantagem por ser bem localizado, ter acesso rápido dentro de BH, mas justamente por ser envolvido pela cidade, com o retorno do movimento maior crescerá também o incômodo para quem mora na região”.

Aviação Executiva

Uma das propostas do Estado é a de que o terminal atenda, principalmente, a executivos que vêm à capital mineira a negócios, o que é aprovado pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH).

“Pampulha tem uma infraestrutura que está subutilizada. Entendemos que o terminal deve ser otimizado, beneficiando empresários e a sociedade como um todo”, afirmou o economista da Fiemg, Guilherme Leão.

“Há uma demanda muito forte da aviação executiva para Pampulha com relação à redução de distâncias e de custos operacionais”, ressaltou o vice-presidente da CDL-BH, Anderson Rocha.

“Um grande investimento foi feito para viabilizar Confins e o vetor Norte. Minas perde mais do que ganha incentivando voos na Pampulha”
Silvestre Andrade - Especialista em transporte e trânsito

PBH constrói barragens em córregos para evitar inundação

Outro problema frequente no aeroporto da Pampulha são as inundações do saguão no período de chuva. Situação que precisa ser revertida para que o aeroporto funcione em plena capacidade. A Prefeitura de BH afirma que obras de contenção em córregos da região estão em andamento para impedir que o terminal seja invadido pela água.

Uma barragem já foi concluída no córrego Engenho Nogueira. Segundo a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, foram realizadas intervenções em saneamento básico, esgoto, drenagem, tratamento e recuperação do córrego.

A segunda barragem, no córrego São Francisco, deverá ser concluída até o segundo semestre deste ano. Além da barragem, será feita uma bacia que vai armazenar o excesso de água e o remanejamento do sistema de esgoto no bairro Liberdade, próximo ao aeroporto, entre as ruas Antal e Shoeber e Assis das Chagas.

O último episódio de alagamento no aeroporto foi no dia 2 de abril de 2014, quando o terminal precisou ser fechado.

Planos do governo mudam cenário para Confins

A retomada de voos nacionais na Pampulha tem influência direta no desempenho do terminal de Confins e, em função disso, a administradora do aeroporto internacional, a BH Airport, informou que irá avaliar a extensão do impacto da medida no plano de negócios e nos “intensos investimentos que a concessionária está realizando no aeroporto”.

Por meio de nota, a empresa informou que os planos do governo em aumentar a movimentação na Pampulha mudam o cenário com o qual vem trabalhando.

Sobre o novo terminal de passageiros, que irá dobrar a capacidade de Confins, alcançando 22 milhões de pessoas por ano, a concessionária afirmou que deverá ser entregue em um ano. Em 2014, Confins recebeu 10,8 milhões de passageiros e mais de 107 mil pousos e decolagens.

Segundo a BH Airport, as obras dos terminais 1 e 2, que estão suspensas, são de responsabilidade do poder público, mas que está acompanhando o processo.

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