Morte do ex-presidente Itamar Franco completa um ano

Do Portal HD com Ricardo Beghini - Do Hoje em Dia
02/07/2012 às 15:27.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:15
 (Arquivo)

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A morte do ex-presidente e senador Itamar Franco completa um ano nesta segunda-feira (2) e políticos mineiros lembraram a perda do ilustre compatriota, que faleceu aos 81 anos, vítima de complicações de um tratamento de câncer.   O governador Antonio Anastasia destacou a importância do político na vida pública de Minas e do Brasil. “Assumindo o comando do Brasil, num dos momentos mais difíceis da vida republicana brasileira, o presidente Itamar Franco liderou um dos principais movimentos pela estabilização monetária, ao mesmo tempo em que cuidava para que as instituições políticas não sucumbissem diante das incertezas da conjuntura. Com discrição e desvelo, conseguiu conduzir essa nau chamada Brasil para o porto seguro da estabilidade econômica”, afirmou o governador mineiro.   “O presidente Itamar Franco, desde os tempos de prefeito de Juiz de Fora, sempre  honrou os votos que recebeu e as incumbências que o destino lhe outorgou. Esse grande mineiro é orgulho de todo, morto, aos 81 anos, na manhã de ontem, por complicações ocorridas em tratamento contra um câncer. Durante todo o dia de hoje, o corpo de Itamar será velado na Câmara Municipal de Juiz de Fora, na Zona da Mata.   República do Pão de Queijo   O ex-presidente e senador morreu aos 81 anos vítima de complicações de um tratamento de câncer (Foto: Arquivo Hoje em Dia)
  "Ninguém nivelará as montanhas de Minas". A frase reproduzida em letras gigantes no memorial dedicado ao ex-presidente Itamar Augusto Cautiero Franco (PPS), no edifício Clube Juiz de Fora, revela muito sobre o caráter do senador, registrado na Bahia, mas mineiro radical por opção. Na presidência (1992-1994), nomeou conterrâneos para cargos estratégicos, dando início a um modo de governar que ficou conhecido como a República do Pão de Queijo.    O então presidente e seu grupo de conselheiros de Minas, após muitos dedos de prosa e boa articulação, conseguiram, em 28 meses, apaziguar um dos períodos mais conturbados da história brasileira, no pós-impeachment de Collor. A República do Pão de Queijo conquistou o apoio de alas moderadas da esquerda para arrefecer a turbulência na política. Sobreviveu ao descrédito, ao desemprego e à inflação, que beirava a casa dos 80% ao mês.   Mas algumas decisões, reveladas pelo próprio Itamar, foram tomadas solitariamente. Embora elaborado por seus ex-ministros paulistas, Rubens Ricúpero e Fernando Henrique Cardoso, não integrantes do grupo de mineiros, o Plano Real foi uma das mais importantes jogadas autorizadas solitariamente pelo ex-presidente.   Apesar de considerar o termo pejorativo, Itamar tinha orgulho da República do Pão de Queijo, porque considerava Minas um centro da dignidade, ética e decência na política. Marcelo Siqueira, ex-deputado, diretor-financeiro e administrativo da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) e fiel escudeiro, faz parte do grupo remanescente da República de Pão de Queijo que manteve laços fortes e alinhamento político total com Itamar até sua morte.    "A característica do presidente era o de escutar as pessoas. Ele gosta muito de se sentar com todos e colher a opinião de cada um para, naturalmente, tirar suas conclusões", revela. No seleto grupo de itamaristas ativos na política figurava o ex-ministro da Casa Civil, Henrique Hargreaves, que também foi secretário de Estado de Governo.    Presidente da Cemig desde 1999, Djalma Morais também integra o grupo de homens de confiança do ex-presidente que ainda exerce função pública. Djalma foi ministro das Comunicações. Em 2009, num ato de fidelidade, os três se filiaram ao PPS, quando Itamar resolveu retornar à disputa eleitoral. No rol dos que abandonaram a vida política na República do Pão de Queijo estão Alexis Stephanenko (ex-ministro de Minas e Energia), Murílio Hingel (ex-ministro da Educação e ex-secretário de Estado de Educação), Tales Ramos (médico e assessor direto), Ruth Hargreaves (ex-secretária pessoal), Saulo Moreira (ex-ministro da Saúde) e Geraldo Faria, seu ex-secretário pessoal e ex-diretor do Banco do Brasil.   "Ele não abria mão da honestidade e também não dava chance para alguém pedir o que não fosse correto", recorda Geraldo Faria. O ex-secretário particular foi fiel a Itamar durante toda a trajetória política. "São 55 anos de amizade", ressaltou. Faria morou no Palácio do Jaburu, antes da queda de Collor, e seguiu para o Alvorada na ascensão à presidência. "Ele sempre manteve o pensamento voltado para Juiz de Fora", disse.   Enquanto ocupou os principais cargos da carreira política, Itamar viabilizou importantes obras para o município, como a Barragem de Chapéu D'Uvas, futuro manancial da cidade, concluído quando ele foi presidente. Já no final do mandato de governador, em 2003, garantiu a construção da unidade do Expominas e do Aeroporto Regional da Zona da Mata.   Ao longo dos anos, a República do Pão de Queijo sofreu outras baixas. Em outubro de 2005, morreu o ex-advogado geral da União José de Castro Ferreira, mineiro de Carmo do Rio Claro. No ano seguinte, em junho, Mauro Durante, ex-secretário-geral da Presidência, não resistiu a um infarto. Amigo de Itamar e seu embaixador em Portugal, José Aparecido de Oliveira, nascido em Conceição do Mato Dentro, que também foi deputado e governador do Distrito Federal, faleceu em 2007. 

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