Mostra em Nova York investiga o legado de Andy Warhol

Nathalia Lavigne, especial para a AE
09/11/2012 às 11:18.
Atualizado em 21/11/2021 às 18:03

Há dois caminhos possíveis para seguir na saída da exposição Regarding Warhol - Sixty Artists, Fifty Years, em cartaz no Metropolitan Museum of Art, em Nova York, até o fim de dezembro. O percurso natural e quase irresistível é terminar na loja de suvenires da própria mostra - o que não deixa de ser uma ironia (ou quase um pleonasmo) quando se trata de Andy Warhol (1928-1987), o artista que se definiu como uma projeção de tudo que pode ser comprado e vendido e passou anos copiando caixas de sabão e latas de sopa das prateleiras do supermercado.

Mas a melhor opção talvez seja continuar pelas galerias de Arte Moderna e Contemporânea do acervo e fazer o caminho contrário: enquanto a exposição investiga o legado que o maior nome da pop art deixou para a produção contemporânea, não custa relembrar quem eram seus antecessores imediatos. Jasper Johns e sua primeira versão monocromática da bandeira americana (White Flag, 1955) está logo em uma das salas após a exposição, não muito longe de uma pintura de Robert Rauschenberg (1925-2008) - ambos influências diretas e fundamentais para Warhol.

Também não se pode ignorar Jackson Pollock (1912-1956) e outros nomes da produção americana do pós-guerra ali representados - mesmo que a relação entre a subjetividade do expressionismo abstrato e o pragmatismo da pop art seja mais nítida pelo contraste. Mas esse pode ser um bom caminho para entender o fenômeno Warhol. Afinal, só pela oposição a tudo o que se entendia como arte até então é possível dimensionar o que ele representou naquele período. E, pelo que se vê na cena contemporânea, ainda representa 50 anos depois.

Idealizada pelo curador independente Mark Rosenthal e organizada com o departamento de arte moderna e contemporânea do Metropolitan, a exposição parte de duas efemérides principais: o aniversário de 25 anos de morte de Andy Warhol e os 50 anos da sua primeira mostra individual em Nova York, na Stable Gallery, em novembro de 1962 - um ano depois de ter sido rejeitado pela prestigiada Leo Castelli Gallery, que já representava Roy Lichtenstein na época.

Mas 1962 teve outros fatos marcantes. Meses antes, Warhol tinha exibido pela primeira vez a série de 32 pinturas da lata de sopa Campbell (que logo depois se tornaram uma tela única) em Los Angeles. Por uma cruel coincidência, a exposição terminou no mesmo dia em que Marilyn Monroe (1926-1962) se suicidou - e foi exatamente quando ele começou a série com a imagem da atriz reproduzida em silk-screen, bem a tempo de exibi-las pelas primeira vez na mostra em Nova York.

"Há uma série de aniversários em 2012. Além disso, me parece um bom momento para se falar sobre ele, tanto que vários museus têm se voltado para o legado do Andy Warhol nos últimos anos. Mas achamos que este projeto só faria sentido se mostrássemos sua obra com esses artistas das três gerações posteriores", avalia Marla Prather, curadora de arte moderna e contemporânea do Metropolitan.

A exposição foi anunciada pelo museu como a primeira mostra a explorar o real impacto de Warhol sobre a arte contemporânea. Coincidência ou não, o evento acontece no mesmo período em que a Fundação Andy Warhol divulgou que vai se desfazer de seu acervo para investir em bolsas de estudos e projetos de arte. Algumas obras serão doadas para museus e instituições, mas boa parte vai ser vendida em uma série de leilões organizados pela Christie’s - o primeiro deles acontece na segunda-feira, 12, em Nova York.

As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
http://www.estadao.com.br

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