Motoristas fazem fila em postos secos e há relatos de mais de 30 horas de espera

Cinthya Oliveira
cioliveira@hojeemdia.com.br
30/05/2018 às 14:45.
Atualizado em 03/11/2021 às 03:20
 (Lucas Prates/Hoje em Dia)

(Lucas Prates/Hoje em Dia)

Por toda Belo Horizonte, é possível encontrar filas quilométricas de carros ao lado de postos de gasolina nesta quarta (30). O problema é que, muitas vezes, o combustível sequer foi reposto no estabelecimento. A situação de desabastecimento é tão grave que, para muitas pessoas, a fila se torna inevitável, mesmo sem saber quanto tempo terá de esperar pelo abastecimento.

No posto Pica-Pau, localizado na avenida do Contorno, no Carlos Prates, nem mesmo um aviso de que o combustível havia acabado e que não há previsão para a sua chegada foi suficiente para desmobilizar a gigante fila. Dezenas de motoristas chegaram na manhã desta terça (29), mas não tiveram como ir embora pois não têm mais gasolina para voltar para casa.

É o caso do vendedor autônomo Paulo Correa, de 49 anos, um dos primeiros da fila em frente ao posto. Na manhã desta terça, ele tentou abastecer em um estabelecimento da avenida Cristiano Machado, mas não conseguiu.Lucas Prates / N/A

Carros estacionados na avenida do Contorno marcam lugar na fila do posto

“Então decidi ir para o Pica-Pau porque a avenida é plana, dá para empurrar o carro enquanto estou na fila. A gasolina acabou por volta das 10h de terça mesmo, mas continuei esperando porque não tenho combustível para voltar para casa. Assim como eu, tem dezenas de motoristas aqui na fila na mesma situação”, conta o vendedor, que mora em Venda Nova e nesta quarta já acumula mais de 30 horas à espera por combustível na fila do posto.

Ele teve de enfrentar o frio da madrugada e dormir no carro. A alimentação é feita por lanches comprados na loja de conveniência. E não sabe quanto mais terá de esperar pelo abastecimento. “Alguns funcionários do posto disseram que a gasolina deve chegar à tarde (desta quarta). Mas a tarde dura até as 19h”, completa. Com o carro parado, ele amarga um prejuízo de R$ 600 por dia.

Peregrinação

A fisioterapeuta Juliana Lapa, de 32 anos, é autônoma e depende do veículo para atender aos clientes em domicílio. Para conseguir abastecer e voltar a trabalhar, ela está vivendo uma peregrinação por Belo Horizonte. Nesta terça, por volta das 18h, ela seguiu para um posto na avenida Raja Gabáglia, no bairro São Bento. Por volta das 22h, o combustível acabou no local e ela seguiu até um estabelecimento na avenida Pedro II, no bairro Padre Eustáquio. Aguardou por duas horas, mas ficou sem o combustível.

Às 5h30 desta quarta, ela seguiu até um posto da avenida Barão Homem de Melo e aguardou até as 9h, mas um frentista contou que não havia previsão para a chegada de combustível. Seguiu, então, até um posto da avenida Raja Gabáglia no bairro Gutierrez, onde ainda aguarda na fila.

“A gasolina chegou neste posto ao meio-dia e a fila começou a andar, mas não sei se vou conseguir abastecer. A espera média é de três horas. É muito complicado, porque ficamos horas esperando na fila, mas sem saber se vamos conseguir o combustível”, afirma a fisioterapeuta. No posto Shell onde espera por atendimento, o litro da aditivada está sendo vendido a R$ 5,29.

Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro), vários caminhões estão deixando o pátio das distribuidoras para abastecer os postos da Região Metropolitana de Belo Horizonte, muitos deles sem escolta policial. Não será divulgada a lista dos postos que vão receber combustível nas próximas horas. A entidade afirma que a situação deve ser completamente normalizada num prazo de cinco a sete dias.

Boatos

Há casos de filas que se formaram por causa de boatos no WhatsApp sobre chegada de combustíveis em postos. Na manhã desta quarta, carros começaram a chegar até um posto Shell da avenida José Cândido da Silveira que está fechado. Isso porque motoristas receberam uma mensagem de que o dono desse estabelecimento já téria pago por um caminhão-tanque, que estaria a caminho.Enviada pelo WhatsApp / N/A

Na avenida José Cândido da Silveira, uma fila se formou após boato

No local, o gerente informou que a notícia não é verídica e não há previsão de chegada de combustível no local. O dono teria, na verdade, acertado o abastecimento de um outro posto em Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana, do qual também é proprietário. Mesmo com a informação do funcionário, várias pessoas preferiram permanecer na fila.

  

  

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