Movimento tenta barrar retomada do Aeroporto da Pampulha

Rafaela Matias
rsantos@hojeemdia.com.br
09/07/2018 às 20:28.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:18
 (FLÁVIO TAVARES)

(FLÁVIO TAVARES)

Após o Hoje em Dia divulgar que a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) garantiu espaço para um possível processo de expansão do Aeroporto da Pampulha, a associação de moradores do entorno do terminal começa a se mobilizar para impedir que o plano vá adiante. 

Conforme a matéria publicada na edição de ontem, a estatal aguarda a integração de área no bairro São Luiz, em frente ao Aeroporto da Pampulha, para dar início ao processo que prevê, entre outras obras, o aumento do pátio de aeronaves e a construção de três centros comerciais, dois na atual Vila dos Aeronautas e outro, maior, próximo à barragem e à avenida Antônio Carlos.

O espaço de 258 mil metros quadrados abriga hoje setores da Aeronáutica que serão transferidos para o Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica (CIAAR), em Lagoa Santa.
Ontem mesmo integrantes do movimento batizado “Mais voos aqui não”, formado em 2016 para impedir a ampliação do aeroporto, prometeram instalar em breve sensores sonoros nos arredores do terminal para provar que o ruído ultrapassa o limite de 50 decibéis recomendado pela Organização Mundial da Saúde, oferecendo riscos aos moradores. 

Barulho
“Vamos mostrar à Infraero e ao Ministério Público que o barulho é insuportável e coloca em risco a sanidade física e mental da população. Não é apenas o ruído de decolagem e pouso, são tratores e caminhões, teste de motores, operação do aeroporto 24 horas por dia. Mais de 150 mil pessoas são afetadas pela poluição sonora e ambiental na região da Pampulha”, afirma Carlos Conrado Pinto Coelho, um dos idealizadores do movimento e membro da Associação de Moradores dos bairros São Luís e São José. 

Com 45 anos de experiência como aviador, ele já operou no Aeroporto da Pampulha e garante que possui qualificação técnica para questionar a operação do terminal. “Eu atuo como perito em prevenção de acidentes envolvendo aeronaves, além de ser instrutor de voo e piloto de teste. Posso afirmar com propriedade que reativar o terminal da Pampulha, além de inadequado, é irresponsável. Atualmente, há muitos prédios altos nos arredores, o trânsito é caótico e o aeroporto está inserido em uma vala que impede a instalação de equipamentos de aproximação”, afirma. 

A favor
Enquanto os moradores se mobilizam para impedir a expansão, lideranças favoráveis se concentram em derrubar o impedimento do Tribunal de Contas da União (TCU), que manteve, por 5 votos a 3, a cautelar de suspensão de reabertura do Aeroporto da Pampulha para voos comerciais interestaduais. 

O deputado federal e 1º vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho (PMDB-MG), coordenador da bancada mineira no Congresso, disse que irá ao TCU para discutir a liberação dos voos. “Um aeroporto não vai atrapalhar o outro. São Paulo tem dois, Rio de Janeiro, também. Por que Belo Horizonte não pode ter? Temos mercado para todos. Creio que a expansão do terminal vai atrair alguns voos grandes, só precisamos aguardar a liberação do TCU que impede a operação por enquanto”, afirma. 

Desde 2005, a Pampulha opera apenas voos regionais e serviços de táxi aéreo, como parte do processo de transferência das operações para o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, a 40 quilômetros do Centro de BH. A mudança se deu a partir de um acordo entre Anac, governo de Minas e prefeitura, com o objetivo de valorizar o Vetor Norte da cidade e a região no entorno da Cidade Administrativa. 

Procuradas pela reportagem, a Prefeitura de Belo Horizonte e a Infraero não se manifestaram até o fechamento desta edição. 

 
 

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