Mulher avança no comando da família, mas ainda recebe menos

Bruno Moreno - Hoje em Dia
01/11/2014 às 08:35.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:51
 (Ricardo Bastos)

(Ricardo Bastos)

Apesar de cada vez mais terem um protagonismo crescente nas famílias brasileiras, ainda mais do que historicamente tiveram, com a responsabilidade de cuidar dos filhos, da casa e ainda trabalhar, as mulheres continuam a ganhar menos que os homens e acumulam tarefas.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres recebem 68% da renda dos homens, apesar de apresentarem índices de escolaridade maiores.

Além disso, entre 2000 e 2010, a renda média delas no Brasil e em Minas Gerais caiu, enquanto a dos homens cresceu. Entretanto, no mesmo período, as mulheres conseguiram aumentar a renda média em Belo Horizonte. As informações constam no estudo “Estatísticas de Gênero – Uma análise dos resultados do Censo Demográfico 2010”, divulgado nesta sexta-feira (31) pelo IBGE.

Para a analista do IBGE em Minas Gerais Luciane Longo, as mulheres continuam a receber menos do que os homens por ocuparem, tradicionalmente, vagas no mercado de trabalho que têm remunerações mais baixas, como serviços domésticos, magistério etc. O estudo apontou que as áreas gerais de formação em que as mulheres com 25 anos ou mais estão em maior proporção são “Educação” (83,0%) e “Humanidades e Artes” (74,2%). Segundo o IBGE, essa áreas são as que apresentam menor rendimento mensal médio entre as pessoas ocupadas (R$ 1.811 e R$ 2.224, respectivamente).

Mas, ao mesmo tempo, os homens têm uma remuneração maior não apenas por desempenharem diferentes profissões, mas também ao desempenharem o mesmo trabalho.

Educação

A defasagem escolar caiu mais entre as mulheres do que entre os homens, em 20 anos. Em 1991, apenas 18,2% das adolescentes de 15 a 17 anos cursavam o ensino médio. Em 2010, essa proporção chegou a 52,2%. Entre os rapazes, o desequilíbrio entre idade e série também caiu, mas não tanto – passou de 13,2% em 1991 para 42,4% em 2010.

“O atraso escolar, que atinge mais fortemente os homens, pode estar relacionado aos diferentes papéis de gênero que antecipam sua entrada no mercado de trabalho. Apesar de a maioria dos homens e mulheres de 15 a 17 anos de idade estar apenas estudando, conciliar escola e trabalho ou apenas trabalhar é mais frequente entre os jovens”, aponta o estudo.

Maioria opta por deixar a maternidade para mais tarde

A idade em que as mulheres brasileiras estão optando por terem seus primeiros (ou únicos) filhos tem aumentado significativamente e, consequentemente, a maternidade na adolescência tem diminuído a cada ano. Um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que o índice caiu de 14,8% para 11,8% na faixa etária entre 15 e 19 anos. Entre as capitais brasileiras, a menor média foi em Belo Horizonte, com 6,5%, e a maior foi em Boa Vista, com 16,9%.

A estudante secundarista Isabela Laryssa de Souza Araújo, 17 anos, pretende engravidar após os 28 anos. Dentre as pessoas de seu círculo de amizades, há apenas uma colega que está grávida.

“Tenho, primeiro, que ter uma estrutura, conseguir estudar, arrumar a minha vida. Depois vou pensar em filho”, argumenta a estudante, que mora no Barreiro.
O plano dela vai ao encontro do que o estudo do IBGE apontou, que o aumento do acesso a serviços de saúde, escolaridade e inserção no mercado de trabalho foram as principais causas para a queda no intervalo de dez anos.

Já a analista de marketing Rafaela Favilla Vaz de Almeida, 27 anos, também optou por ter filhos mais tarde. Entre 2000 e 2010, a proporção de mulheres com idade entre 25 e 19 anos, com pelo menos um filho vivo caiu de 69,2% para 60,1%.

“Quando nasci, minha mãe tinha 20 anos. As mulheres estão decidindo ter filhos mais tarde para poderem estudar mais, estruturar a vida financeira”, avalia.

Deficiência e trabalho

A participação das pessoas sem nenhuma deficiência, com idades entre 16 a 64 anos, na população economicamente ativa é de 81,8% dos homens e 61,1% das mulheres. Se têm alguma deficiência, essa proporção cai para 56,4%, entre homens, e 43,1%, entre mulheres.

Mulheres com deficiência motora severa ou intelectual têm a menor participação na população economicamente ativa: 34,8% e 20,8%, respectivamente. As maiores participações de mulheres nessa situação foram encontradas em Palmas (54,5%), Brasília (54,1%) e Macapá (53,7%).

No Brasil, das 45,6 milhões de pessoas (23,9% da população total) que têm algum tipo de deficiência, 25,8 milhões são mulheres (26,5% da população feminina) e 19,8 milhões são homens (21,2% da população masculina).

Em termos de deficiência “severa” (as que declararam ter “grande dificuldade” ou “não consegue de modo algum” enxergar, ouvir ou caminhar/subir escadas) ou deficiência mental/intelectual foram identificadas 12,8 milhões de pessoas (6,7% da população total), sendo 7,1 milhões de mulheres (7,3% da população feminina) e 5,7 milhões de homens (6,1% da população masculina).

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