Asteroide rico em água sugere existência de exoplanetas habitáveis

AFP
11/10/2013 às 07:42.
Atualizado em 20/11/2021 às 13:15

WASHINGTON - Pela primeira vez na história, um grupo de cientistas descobriu os restos de um asteroide rico em água fora do sistema solar, o que sugere que a vida poderia ser possível em outros planetas.

Até então nunca havia sido possível detectar água e um corpo rochoso - "dois elementos-chave" para que um planeta seja habitável - fora do nosso sistema solar, informaram os autores do estudo publicado nesta quinta-feira pela revista Science.

Observações realizadas anteriormente sobre 12 exoplanetas destruídos cujos restos orbitavam ao redor de anãs brancas - estrelas no final da vida que esgotaram seu combustível nuclear - não haviam acusado a presença de água.

O estudo divulgado nesta quinta-feira concentra-se nos restos de um asteroide que teve pelo menos 90 km de diâmetro, que estão em órbita com outros planetas ao redor de uma anã branca batizada GD 61, cerca de 170 anos-luz da Terra. Cada ano-luz equivale a 9,46 trilhões de quilômetros.

"Nesta etapa de sua existência, tudo o que fica do corpo rochoso é a poeira e os escombros ao redor da estrela moribunda", comentou Boris Gänsicke, um dos principais co-autores do estudo, professor do departamento de Física da Universidade de Warwick, no Reino Unido.

"Mas este cemitério planetário é uma grande fonte de informação", ressaltou Gänsicke. "Estes restos contêm evidências químicas que revelam a existência deste antigo asteroide rochoso rico em água", explicou.
    
Um planeta anão com 26% de água
    
Os astrônomos também detectaram entre os escombros magnésio, silício, ferro e oxigênio, ingredientes-chave das rochas.

Os planetas rochosos, como a Terra, se formam pela agregação de asteroides e "o fato de encontrar tanta água em um corpo celeste grande significa que os materiais que formam os planetas habitáveis existiram ou existem no sistema solar GD 61 e provavelmente em outros inúmeros sistemas semelhantes", afirmou Jay Farihi, astrofísico do Instituto de Astronomia de Cambridge e principal autor da descoberta.

O asteroide, que pode ter sido um planeta anão, se formou com 26% de água, proporção similar a do planeta anão Ceres, localizado em nosso sistema solar. Em comparação, a Terra é muito seca: a água representa apenas 0,02% de sua massa.

De acordo com os pesquisadores, a estrela do GD 61 esgotou seu combustível há 200 milhões de anos para se converter numa anã branca. Uma parte de seu sistema planetário sobreviveu, mas os asteroides e os planetas anões não resistiram.

Para esta pesquisa, os cientistas se basearam principalmente em observações feitas a partir de um espectrógrafo do telescópio espacial Hubble.

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