Cartunistas brasileiros lamentam morte de Wolinski e outros artistas no atentado em Paris

Hoje em Dia
08/01/2015 às 08:20.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:36
 (Reprodução/Charlie Hebdo)

(Reprodução/Charlie Hebdo)

O ataque à revista Charlie Hebdo na última quarta-feira (7), no coração de Paris, abalou o mundo do cartum, provocando a indignação entre aqueles que utilizam as charges como forma de contestação e satirização do poder e da sociedade. Mostrou que o semanário não havia sido esquecido pelos radicais islâmicos, que desde 2006 perseguem e ameaçam os profissionais do veículo pelas publicações de charges sobre o islã e o profeta Maomé.

Perseguição que não irá enfraquecer a atuação dos demais cartunistas, segundo a opinião de vários deles ouvidos pelo Hoje em Dia. A morte dos franceses põe em discussão, mais uma vez, a liberdade de expressão mas, acima de tudo, o extremismo e o radicalismo que põem em risco a vida de milhares de pessoas em todo o mundo.

“Um dia negro para o humor. Não apenas pelo fato de serem colegas de profissão, mas também por pensar que um atentado dessa natureza aconteceu por causa da discrepância de ideias. Estive junto desses cartunistas na França, no ano passado, justamente em um encontro que discutia o mundo em batalha. O atentado é, acima de tudo, contra a liberdade de imprensa”
Lute, cartunista do Hoje em Dia e presidente da Cartuminas


“É assustador. Cabu e Wolinski eram lendas do cartum. Na década de 1970 eles editavam revistas de humor que nós admirávamos muito. Era impressionante a coragem que eles tinham já naquele tempo. Tínhamos inveja de ver aquele trabalho chegando às bancas francesas enquanto nós vivíamos um período de ditadura no Brasil. Esse atentado é bárbaro e também burro, porque acaba com vozes de oposição ao governo”
Nilson, cartunista mineiro

 


“Terrível. O fato em si já é chocante, mas conosco há um impacto maior pelo fato de as vítimas serem colegas de profissão. Fui influenciado por cartunistas que foram diretamente influenciados por esses artistas. O humor combatido com violência é algo absurdo. Acabamos de sair de um momento eleitoral onde o ódio, principalmente nos comentários nas redes sociais, ficou muito nítido”
Duke, cartunista de “O Tempo”


“Pra mim foi terrível. Eu estive com o Wolinski em 1999 na comissão julgadora de um evento em Cuba e criamos amizade. Todas as pessoas o reverenciavam porque ele era, de fato, uma espécie de ícone da resistência. Ele tinha um humor libertário, de traço simples e despojado. A questão da intolerância conspira para que a coisa fique cada vez mais sem graça. O humor é vital para a prática da liberdade de expressão e da democracia”
Cau Gomes, cartunista dos jornais Hoje em Dia e “A Tarde”, de Salvador

“Estou indignado. Isso era algo anunciado na Europa, onde existem muitos radicais. É uma perda sem tamanho. O Wolinski influenciou gerações inteiras de cartunistas. Vai ser difícil substituir um traço como esse no mundo”
Mário Vale, cartunista do Hoje em Dia


“A gente é amigo de longe. Mas toda vez que eu vou à França, encontro com ele (Wolinski). Ele já veio ao Brasil. A gente tem uma relação muito fraterna, muito agradável. Ele era muito combativo. Aquele francês bem irreverente e bravo. O ‘Charlie Hebdo’ fazia um humor muito agressivo. Acho que eles tinham muita coragem”
Ziraldo, em depoimento ao G1 sobre a amizade que tinha com o cartunista francês Wolinski, que morreu no atentado 


“A intolerância é um dos piores comportamentos da sociedade atual. Vejo que esse atentado, ao invés de coagir, vai fortalecer o cartum em todo o mundo. Nesse momento, milhares de cartunistas preparam homenagem às vítimas da Charlie Hebdo e a tendência é que esse acontecimento alimente a produção dos cartunistas. Eles são símbolos dessa luta por liberdade”
Dum, cartunista do Hoje em Dia

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