Com 50% dos votos apurados, Crimeia aprova adesão à Russia

Folhapress
16/03/2014 às 19:36.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:40
 (Dimitar Dlkoff/AFP)

(Dimitar Dlkoff/AFP)

O governo da Crimeia anunciou oficialmente que o resultado do referendo deste domingo é a favor da anexação da península à Rússia.
Com pelo menos 50% dos votos apurados, 95,5% foram a favor da separação da Ucrânia e união com Moscou, disse a comissão responsável pela consulta. Apenas 3,5% votaram pela manutenção como território ucraniano. O governo da península garante que 82,7% dos cidadãos aptos a votar compareceram às urnas.

Uma multidão tomou conta da Praça Lênin, principal ponto de encontro de Simferopol, capital da Crimeia, para celebrar o resultado do referendo. Uma delegação do governo da Crimeia viaja hoje para Moscou com o objetivo de iniciar o processo de anexação.

Com apoio dos Estados Unidos e da União Europeia, o governo ucraniano considera a consulta ilegal e já avisou que não vai reconhecê-la, criando uma incerteza sobre os próximos passos na região a partir de hoje.

De maioria russa, a Crimeia foi anexada à Ucrânia em 1954 na formação da União Soviética. Após a recente queda do então presidente da Ucrânia, Viktor Yanucovich, aliado do presidente russo, Vladimir Putin, o grupo político pró-Rússia tomou o poder na Crimeia e aprovou a anexação a Moscou, convocando o referendo para ratificar a decisão.

O resultado final dever homologado hoje pelo Parlamento local. Cidadãos da etnia tártara, 12% da Crimeia, e os ucranianos, em torno de 25%, teriam boicotado o referendo.

O referendo ocorreu com normalidade, apesar da tensão política e militar entre a Rússia e a Ucrânia. A reportagem visitou sessões de votação na periferia e no centro da cidade para acompanhar o referendo, convocado às pressas pelo governo local.

O clima de calmaria se misturou a um modelo amador de votação, sem muita fiscalização. Não houve, por exemplo, controle de quem entrava e saía das salas de votação e a urna onde os cidadãos colocavam as cédulas era completamente transparente.

Sem ser incomodada, a reportagem entrou numa sala montada numa escola no centro da cidade e registrou imagens de dentro das urnas em que era possível ver os votos depositados – a maioria pró-Rússia e, em alguns casos, até quem os depositou.

A reportagem também esteve numa sessão montada num hospital no distrito de Gres, na periferia da cidade, onde a fila de votantes se misturava no mesmo espaço das cabines e das urnas, um completo caos.

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