Começa investigação sobre abusos de menores na Irlanda do Norte

Folhapress
13/01/2014 às 17:30.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:19

SÃO PAULO - Um tribunal especial iniciou nesta segunda-feira (13) uma das maiores investigações públicas desenvolvida no Reino Unido sobre abusos cometidos contra menores em instituições dirigidas por religiosos e organismos estatais da Irlanda do Norte entre 1922 e 1995.    A chamada Investigação sobre Abusos Institucionais Históricos examinará em sessões públicas durante os próximos 18 meses quase 500 denúncias apresentadas desde que o governo autônomo norte-irlandês anunciou que estabeleceria o tribunal especial em 2012.    O executivo de Belfast, de poder compartilhado entre católicos e protestantes, pôs à frente das pesquisas o juiz aposentado Anthony Hart, que acompanhará um grupo de analistas para determinar se existiram abusos físicos, sexuais ou emocionais contra menores entre 1922 e 1995 em 13 instituições.    "Pode ser um processo difícil para os envolvidos, mas esperamos que todos os que foram chamados a ajudar, desde o governo até as instituições, colaborem de uma maneira justa, aberta e de coração para não desperdiçar esta oportunidade", disse hoje Hart na primeira sessão.    Os depoimentos pretendem esclarecer como eram as condições de vida em centros de amparo como orfanatos, internatos e hospitais da Irlanda do Norte, muitos deles dirigidos por ordens religiosas.    Duas instituições de Londonderry administradas pelas freiras Irmãs de Nazaret estarão no centro das primeiras audiências, realizadas em Banbridge, no condado de Down.    O tribunal também quer descobrir se as autoridades e as instituições que foram responsáveis pelos cuidados dos menores durante esses 73 anos falharam em protegê-los.    Segundo o "Guardian", há alegações de que forças de segurança sabiam de abusos no centro para meninos Kincora, na capital, mas não agiram porque os acusados eram agentes do estado.    Até o momento, 434 pessoas pediram para testemunhar, entre elas 61 que vivem na Austrália, para onde uma equipe de investigação viajou em 2013 para solicitar a colaboração. Entre 1947 e 1956, 120 crianças dessas instituições foram enviadas para o país como parte de uma política de imigração de crianças da época, segundo o "Guardian".    Hart afirmou que as testemunhas podem estar seguras que suas histórias "serão escutadas e investigadas" e, caso este tribunal entenda que foi cometido um delito, advertiu, a informação será entregue às forças da ordem.    O juiz Hart deve concluir as vistas públicas em junho de 2015 e apresentar um relatório final em janeiro de 2016 ao escritório do primeiro-ministro norte-irlandês, o unionista Peter Robinson, e de seu adjunto, o nacionalista Martin McGuinness.    Vizinha    O governo norte-irlandês decidiu iniciar uma investigação independente depois que várias semelhantes realizadas na vizinha República da Irlanda revelassem nos últimos anos que milhares de crianças sofreram abusos sexuais, físicos e emocionais desde o início do século XX.    Os tribunais estabelecidos pelo executivo de Dublin também denunciaram as práticas adotadas pelas autoridades do país e pela Igreja Católica irlandesa para ocultar os maus-tratos e proteger os religiosos pedófilos.

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