Escândalo bancário enfurece italianos e complica esquerda

AFP
25/01/2013 às 19:11.
Atualizado em 21/11/2021 às 21:10
 (Giuseppe Cacace/AFP)

(Giuseppe Cacace/AFP)

SIENA - Os acionistas do Banca Monte dei Paschi di Siena (BMPS), abalado por um escândalo financeiro que o levou a pedir um resgate e que complica a esquerda italiana favorita às eleições de fevereiro, aprovaram nesta sexta-feira um aumento do capital em meio aos protestos dos italianos.

Os acionistas do banco mais antigo do mundo, fundado em Siena em 1472, foram recebidos com gritos de "vergonha", pelos grupos de militantes da esquerda italiana e do movimento populista Liga Norte, que protestavam pela má gestão do banco, em particular contra a operação com produtos derivativos 'Alexandria', realizada em 2009 junto com o banco japonês Nomura. Esta operação trouxe uma grande perda que afetará seriamente o balanço de 2012.

O escândalo acontece em plena campanha para as eleições legislativas previstas para os dias 24 e 25 de fevereiro, e afeta, sobretudo, o Partido Democrático (PD), ligado historicamente ao banco toscano e que as pesquisas apontam como favorito para as próximas eleições.

"Vocês só sabem roubar", gritavam os militantes da Liga Norte contra os do PD e contra os ministros do governo liderado pelo tecnocrata Mario Monti, que acabam de conceder um empréstimo estatal de 3,9 bilhões de euros ao banco.

A assembleia extraordinária aprovou, após sete horas de reunião, um aumento de capital de 4,5 bilhões de euros, necessários para abrir caminho para o empréstimo do Estado e outros dois milhões de euros para o pagamento de juros.

A reunião se transformou, na verdade, em uma manifestação de caráter político, cujas repercussões ainda não são conhecidas.

O BMPS admitiu esta semana, após uma série de denúncias da imprensa, que várias operações com derivativos realizadas no passado, sob outra direção, vão afetar gravemente o balanço de 2012.

"O que fizeram com o Monte dei Paschi é pior que a quebra da Parmalat. Tentam salvar o banco com uma quantia equivalente a que os italianos pagaram em impostos de habitação", afirmou o deputado de centro direita, Stefano Saglia.

O escândalo obrigou o governo de Monti a intervir para tranquilizar os clientes sobre a solidez do banco, o terceiro do país e defender as instituições encarregadas da fiscalização.

"Confio plenamente no Banco da Itália (Banco Central), em seu diretor e no ministro da Economia", declarou Monti de Davos, onde participa do Fórum Econômico Mundial.

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