Eslovênia está sob pressão e luta com plano de ação para evitar resgate

03/05/2013 às 21:15.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:23

LIUBLIANA - O governo de centro-esquerda esloveno, no poder há apenas seis semanas, prepara febrilmente um plano de ação para evitar pedir ajuda internacional, apesar da pressão crescente dos mercados contra este pequeno país da zona do euro.

A primeira ministra Alenka Bratusek deve apresentar no dia 9 de maio em Bruxelas um programa detalhado de reformas destinadas a sanear o sistema bancário, estabilizar as finanças públicas e incentivar a economia que entrou em recessão em 2011.

A tarefa, que já era difícil, se complicou depois que a agência de classificação de risco Moody's rebaixou, na terça-feira, a nota soberana do país à categoria especulativa.

O anúncio foi um duro golpe e levou o país balcânico a suspender temporariamente uma emissão de títulos da dívida em dólares. Retomada na quarta-feira, a emissão de 3,5 bilhões de dólares foi concluída com êxito nesta sexta-feira, pois a demanda foi muito superior à oferta e o rendimento subiu levemente.

Isso "demonstra a credibilidade do programa de reformas do governo (e sua capacidade) de acesso aos mercados financeiros internacionais", disse nesta sexta-feira o Ministério das Finanças.

Em abril, a Comissão Europeia pediu a Bratusek que colocasse em prática rapidamente as reformas votadas pelo antigo governo e introduzisse novas medidas. Ela prometeu apresentar um plano no dia 9 de maio.

O setor bancário é o principal problema da Eslovênia. Segundo a Moody's, o governo vai ter que injetar novos fundos nos bancos, na grande maioria públicos, que representariam entre 8 e 11% do PIB do país. Para a agência, a probabilidade de que a Eslovênia precise de ajuda internacional aumentou.

O governo esloveno de centro-direita que caiu em fevereiro por causa das suspeitas de corrupção que pesavam contra o primeiro-ministro Janez Jansa, votou uma lei para criar um "banco podre" que reúna os ativos tóxicos dos bancos.

No plano de ação, do qual a primeira-ministra já apresentou algumas medidas, o "banco podre" entrará em vigor em julho. Os três principais bancos do país, todos públicos, precisarão, pelo menos, de uma injeção de 900 milhões de euros antes do final do ano, segundo algumas estimativas.

"A Eslovênia não é o Chipre"

Apesar das especulações sobre este país de 2 milhões de habitantes originário da ex-Iugoslávia terem crescido após o resgate do Chipre, a situação dos dois Estados é muito diferente.

"A Eslovênia não é o Chipre. As comparações são totalmente errôneas e ignoram os fundamentos econômicos", disse em meados de abril, Alenka Bratusek, em um artigo opinativo no Wall Street Journal.

O setor bancário esloveno representa 130% do PIB enquanto o cipriota é de cerca de 800% do PIB da ilha.

É verdade que as contas públicas pioraram. Em 2012, o déficit esloveno foi de 3,7% do PIB, e o governo prevê 5% para este ano.

Contudo, a dívida total do país, apesar de aumentar rapidamente, continua abaixo da média europeia: 54,1% do PIB em 2012, segundo o instituto Eurostat, frente a 90,6% da zona euro.

Para estabilizar o orçamento, o plano de ação prevê novos cortes dos salários dos funcionários, um aumento do Imposto ao Valor Agregado (IVA) ou a criação de um "imposto de crise" temporário que afetará a população.

Além disso, está prevista a privatização de uma ou duas empresas públicas, entre elas um banco, no final do ano.

Muito criticado, o plano é visto como uma reciclagem das medidas do antigo governo.

Recentemente, a Eslovênia conseguiu emitir títulos da dívida a curto prazo a taxas razoáveis, o que lhe permitiu respirar um pouco, mas isso foi antes da nota soberana ser rebaixada pela Moody's.

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