Especialistas russos descartam hipótese de envenenamento na morte de Arafat

Germain Moyon - AFP
26/12/2013 às 10:49.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:00
 (AFP)

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MOSCü - Os especialistas russos encarregados de analisar as amostras dos restos mortais de Yasser Arafat concluíram que a morte do líder palestino ocorreu por causas naturais e descartaram um envenenamento com polônio, informou nesta quinta-feira (26) a agência que realizou os testes.

Arafat "faleceu de morte natural, e não devido a uma radiação", declarou Vladimir Uiba, diretor da Agência Federal de Análises Biológicas, citada pelas agências russas.

Estas conclusões coincidem com as dos especialistas franceses, impugnadas pela viúva do líder histórico palestino, falecido em 2004 no hospital militar francês de Percy, próximo a Paris.

Os dirigentes palestinos responsabilizam Israel pela morte de Arafat.

O embaixador palestino em Moscou afirmou nesta quinta-feira à agência de imprensa russa Ria Novosti que a investigação sobre a morte de Yasser Arafat vai continuar, apesar do relatório de especialistas russos que conclui, como os franceses, que se tratou de morte natural.

"Só posso dizer que decidimos continuar. Respeitamos sua posição (dos especialistas), outorgamos um grande valor a seu trabalho, mas decidimos continuar esse trabalho" de investigação, declarou Faed Mustafa.

A exumação dos restos mortais do dirigente palestino foi realizada em novembro de 2012 por ordem dos juízes franceses encarregados de investigar o caso.

Na ocasião, foram colhidas 60 mostras e foram distribuídas para ser analisadas por três equipes de investigadores: suíços, franceses e russos. Cada um realizou seu trabalho de forma individual, sem manter contato com os outros.

No começo de dezembro a promotoria de Nanterre, próximo de Paris, afirmou que os especialistas franceses chegaram à conclusão da "ausência de envenenamento com polônio 210 (uma substância radioativa altamente tóxica) de Arafat".

A viúva do líder palestino, Suha Arafat, disse que recorreria deste relatório na justiça francesa.

Um artigo da revista médica britânica The Lancet relançou a hipótese de um envenenamento do líder palestino. O artigo citava os resultados de um relatório realizado por especialistas suíços que encontraram restos de polônio 210 nos objetos de uso pessoal de Arafat.

As duas equipes suíça e francesa constataram doses de polônio superiores à média no corpo de Arafat. Mas, segundo os franceses, a presença de um gás radioativo natural, o radônio, no ambiente externo explica essas quantidades.

Em novembro, os dirigentes palestinos, afirmando se apoiar em relatórios de laboratórios suíços que segundo eles confirmam a tese de um envenenamento, apontaram Israel como único suspeito por seu "assassinato".

"Israel é o primeiro, principal e único suspeito no caso do assassinato de Yasser Arafat", afirmou o presidente da comissão de investigação oficial palestina sobre sua morte, Tawfiq Tiraui.

As causas da morte de Arafat, em novembro de 2003, após uma brusca deterioração de seu estado de saúde, jamais foram esclarecidas.

"Continuo convencida de que o mártir Arafat não morreu por causas naturais", declarou Suha Arafat após a publicação do relatório francês, e se declarou "muito surpresa de que o relatório médico francês (...) se resuma a quatro páginas".

Segundo pesquisa publicada na terça-feira pelo Palestinian Center for Policy and Survey Research (PSR), a maioria dos palestinos (59%) pensa que Arafat foi envenenado por Israel.

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