FAO e OCDE preveem um crescimento mais lento da produção agrícola mundial

AFP
06/06/2013 às 20:36.
Atualizado em 20/11/2021 às 18:54

ROMA - A produção agrícola mundial crescerá em média 1,5% ao ano na próxima década, mais lentamente em comparação com o crescimento anual de 2,1% entre 2003 e 2012, segundo um relatório divulgado nesta quinta-feira (6) em Roma pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO).

Uma expansão reduzida das terras agrícolas, a alta dos custos de produção, a crescente escassez de recursos e o aumento das pressões ambientais figuram entre os fatores que determinaram esta tendência, explicaram em uma nota conjunta as duas entidades internacionais.

O relatório sustenta, no entanto, que a oferta de produtos básicos agrícolas crescerá ao ritmo da demanda mundial e espera-se que os preços se mantenham, no médio prazo, em níveis elevados.

O documento, que tem o título de "Perspectivas Agrícolas OCDE-FAO 2012-2013", prevê que os preços "permanecerão acima da média histórica no médio prazo", tanto para os produtos agrícolas quanto para os pecuários, "devido à combinação de uma produção lenta e de uma maior demanda, incluindo de biocombustíveis", sustenta o comunicado divulgado em Roma pela FAO.

Segundo os especialistas, "a agricultura se transformou em um setor cada vez mais orientado em direção ao mercado, em contraposição à orientação política que teve no passado, oferecendo, assim, aos países em desenvolvimento importantes oportunidades de investimento e de benefícios econômicos".

Também ressaltam que devido à crescente demanda de alimentos o potencial de expansão da produção é elevado com suas vantagens relativas.

Apesar disso, os déficits de produção, a volatilidade dos preços e as perturbações no comércio "continuam sendo uma ameaça para a segurança alimentar mundial", advertem as duas organizações.

"Enquanto as reservas de alimentos nos principais países produtores e consumidores continuarem sendo baixas, o risco de volatilidade dos preços é elevado", afirmaram.

Os especialistas advertem que "uma seca generalizada, como a de 2012, unida às baixas reservas de alimentos, poderia aumentar os preços mundiais de 15 a 40 por cento".

A nota afirma que a China, com um quinto da população mundial, um alto crescimento de receita e uma rápida expansão no setor agroalimentar, "terá uma grande influência nos mercados mundiais".

"A previsão é que a China manterá a auto-suficiência nos principais cultivos alimentares, apesar de se calcular que a produção desacelerará na próxima década devido às limitações de terra, água e mão de obra rural", estimam os especialistas.

Durante a apresentação do relatório em Pequim, o secretário geral da OCDE, Ángel Gurría, afirmou que "as perspectivas da agricultura mundial são relativamente brilhantes, com uma forte demanda, o comércio em expansão e preços elevados".

Para o Diretor Geral da FAO, José Graziano da Silva, "os elevados preços dos alimentos são um incentivo para aumentar a produção e temos que fazer o possível para garantir que os agricultores pobres se beneficiem deles", comentou.

"Não esqueçamos que 70% das pessoas que sofrem com a insegurança alimentar no mundo vivem em áreas rurais dos países em desenvolvimento e que muitas delas são pequenos agricultores ou praticam a atividade para subsistência", lembrou.

O relatório estima que o consumo dos principais produtos agrícolas aumentará mais rapidamente na Europa Oriental e Ásia Central, seguidos da América Latina e outros países asiáticos.

Espera-se que os países em desenvolvimento, por exemplo, respondam por 80% do crescimento da produção de carne e respondam pela maior parte do crescimento do comércio nos próximos 10 anos.

Igualmente calcula-se que esses países responderão pelas exportações mundiais de cereais secundários, arroz, oleaginosas, óleos vegetais, açúcar, carne bovina, frango e peixe em 2022.

Para obter uma parte desses benefícios econômicos, os governos terão que investir em seus setores agrícolas para fomentar a inovação, aumentar a produtividade e melhorar a integração nas cadeias globais de valor, destacaram os representantes da FAO e da OCDE.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por