ISLAMABAD - A negligência e a complacência do governo do Paquistão permitiram ao finado líder da Al-Qaeda Osama Bin Laden se refugiar sem problemas, durante quase uma década, no território paquistanês, concluiu uma comissão de investigação formada por Islamabad e cujo relatório foi divulgado nesta segunda-feira (8).
A rede de televisão árabe Al-Jazeera publicou em seu site o relatório da comissão paquistanesa, formada após a morte de Bin Laden em Abotabad, no noroeste do país, em uma ação de comandos americanos em maio de 2011.
"OBL (Osama Bin Laden) pôde permanecer nos limites do perímetro de Abotabad devido ao fracasso coletivo das autoridades militares, dos serviços de inteligência, da polícia e da administração civil", destaca o relatório, cuja versão preliminar foi transmitida há seis meses ao governo paquistanês.
Numerosos detalhes sobre a perseguição de Bin Laden pelos serviços de Inteligência dos Estados Unidos vazaram nos últimos meses, mas esta é a primeira vez que um relatório oficial do Paquistão critica o papel do Exército e da Inteligência local pela permanência do líder da Al-Qaeda no país.
"Este fracasso inclui negligência e incompetência", e um eventual nível de cumplicidade entre o Exército e a Inteligência, destaca o relatório.
Osama Bin Laden chegou ao Paquistão na primavera ou verão de 2002, apenas um ano após o início da ação das forças ocidentais contra o vizinho Afeganistão, onde o líder da Al-Qaeda estava sob a proteção do governo talibã.
Bin Laden permaneceu durante nove anos no Paquistão, país aliado dos Estados Unidos em sua "guerra contra o terrorismo", mas acusado por responsáveis em Washington de fazer jogo duplo neste caso.
Agentes da CIA localizaram Bin Laden em Abotabad, onde o líder da Al-Qaeda foi morto por uma equipe dos Seals - a unidade de elite da Marinha - no dia 2 de maio de 2011.