Justiça egípcia adia julgamento de Mursi por espionagem

AFP
27/02/2014 às 12:35.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:19

CAIRO - O julgamento contra o presidente egípcio deposto Mohamed Mursi por espionagem foi adiado nesta quinta-feira (27) depois que a defesa pediu a recusa dos juízes.

O chefe de Estado islamita, destituído no início de julho pelo exército, enfrenta um total de quatro julgamentos, quando seu movimento Irmandade Muçulmana, declarado uma organização terrorista pelas novas autoridades, está no centro de uma violenta repressão.

Neste processo, o Ministério Público acusa Mursi e outras 35 pessoas de conspirar com o movimento islamita palestino Hamas e com o Irã para desestabilizar o Egito. Os acusados podem ser condenados à pena de morte.

O tribunal decidiu interromper a análise deste caso até que seja tomada uma decisão sobre o pedido de recusa apresentado pelos advogados de defesa, informou o juiz Shaaban al-Shamy.

O juiz Shamy havia suspendido pelos mesmos motivos o processo contra Mursi e outras 130 pessoas por fuga de prisão e pelos distúrbios do início de 2011, durante a revolta que terminou com os 30 anos de poder do presidente Hosni Mubarak.

Os advogados de vários acusados pediram a nomeação de outros juízes.

As defesas também se queixaram do fato de os acusados terem comparecido dentro de uma cabine à prova de som, para evitar que interrompessem as audiências, como ocorreu anteriormente.

A suposta gravação de conversas particulares entre Mursi e um de seus advogados de defesa, publicadas por um jornal egípcio, também motivaram este pedido de recusa.

Um tribunal de apelação examinará o pedido no dia 1 de março.

No processo por espionagem, Mursi e vários réus são acusados de ter fornecido informações classificadas como segredo de Defesa aos Guardiões da Revolução, o exército de elite do Irã, "com o objetivo de desestabilizar a segurança e a estabilidade" do Egito.

Mursi e um ex-conselheiro compareceram perante o tribunal no interior de uma cabine dentro da sala e separados dos outros acusados. Estes últimos, entre eles o guia supremo do movimento, Mohamed Badie, deram as costas aos magistrados e gritaram "Abaixo o poder militar".

A justiça egípcia também tem abertos outros dois processos contra Mursi por incitar o assassinato de manifestantes durante sua presidência e por ultraje a um magistrado.

A repressão contra os partidários de Mursi deixou mais de 1.400 mortos desde o verão, segundo a Anistia Internacional.

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