Negociação sobre programa nuclear iraniano entra em 'fase difícil'

AFP
23/11/2013 às 18:13.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:20
 (FABRICE COFFRINI/AFP)

(FABRICE COFFRINI/AFP)

As negociações em Genebra sobre o programa nuclear do Irã entraram em um período de incerteza, neste sábado (23), depois que o secretário de Estado americano, John Kerry, anunciou sua partida e que o chefe dos negociadores iranianos expressou dúvidas sobre a conclusão de um acordo. O porta-voz de John Kerry informou que o chefe da diplomacia americana seguirá de Genebra para Londres, no domingo, onde se reunirá com o ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, e com o primeiro-ministro líbio, Ali Zeidan.   A notícia da partida de Kerry coincidiu com comentários do chefe dos negociadores iranianos, Abbas Araqchi. Antes otimista, ele agora não tem certeza de que o Irã e o grupo 5+1 (formado por Estados Unidos, Rússia, China, França, Grã-Bretanha e Alemanha) chegarão a um acordo ainda neste sábado. "Estão sendo realizadas negociações intensas e difíceis, e não está claro se conseguiremos um acordo esta noite", afirmou Araqchi, segundo a agência de notícias Fars. "A disputa é sobre a redação do texto", esclareceu.   "Esperamos o fim da reunião dos ministros das Relações Exteriores (dos países 5+1). Decidiremos depois sobre a continuação das negociações", completou, segundo a agência Mehr.   A chegada neste sábado dos chefes da diplomacia dos países envolvidos foi vista como um sinal de que, após três dias de negociações entre funcionários de escalão mais baixo e mais técnicos, um acordo estaria perto. Kerry decidiu se somar às conversas, "na esperança de chegar a um acordo", explicou o Departamento de Estado dos EUA, em nota divulgada na sexta-feira. Desde sua chegada, porém, autoridades de ambos os lados insistiram nas divergências ainda em aberto.   No final da manhã, o ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohamad Zarif, considerou que "as negociações entraram em uma fase muito difícil". "Os negociadores iranianos insistem nos direitos do nosso país, e não estamos dispostos a aceitar um acordo que prejudique os direitos e interesses do Irã", frisou.   Em Genebra, o ministro britânico William Hague afirmou que as negociações "continuam sendo muito difíceis". "Acho que é importante destacar que não estamos aqui porque as coisas estão concluídas", acrescentou.   Desde quarta-feira, os representantes diplomáticos do Irã e dos países do 5+1 tentam fechar um acordo para limitar o polêmico programa nuclear iraniano, em troca da diminuição das sanções que pesam sobre a economia desse país asiático situado no Oriente Médio. "Conseguiremos um acordo - os seis países em questão - somente se acharmos que se trata de um acordo verdadeiramente útil que trata dos problemas que o programa nuclear iraniano representa", advertiu Hague.   Ao comentar o histórico dessa confrontação de mais de dez anos entre o Irã e o Ocidente, o diplomata britânico lembrou: "nos lembramos da História, até que ponto esse programa foi encoberto e desafiou os acordos internacionais". "Há uma oportunidade realista (de chegar a um acordo), mas ainda há muito trabalho", declarou o ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, que também foi a Genebra.   As discussões atuais se baseiam em um texto de 9 de novembro, redigido na rodada anterior de negociação. O projeto de um "acordo provisório" de seis meses - renovável, segundo uma fonte ocidental - prevê que o Irã limite seu programa nuclear em troca do abrandamento das sanções internacionais contra o país.   Os iranianos defendem seu "direito" de poder enriquecer urânio, mas países ocidentais e Israel suspeitam de que Teerã queira fabricar a bomba atômica.

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