OMS alerta que surto de Ebola na África Ocidental está fora de controle

Folhapress
01/08/2014 às 13:37.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:36
 (AFP)

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O surto de Ebola na África Ocidental está fora de controle, mas ainda pode ser contido, disse a chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, aos presidentes de Guiné, Libéria, Serra Leoa e Costa do Marfim em reunião nesta sexta-feira (1º) em Conacri.

"Esse surto está se movendo mais rapidamente do que os nossos esforços para controlá-lo. Se a situação continuar a piorar, as consequências podem ser catastróficas em termos de perda de vidas, mas também severas perturbações socioeconômicas e alto risco de disseminação para outros países." A experiência demonstrou que o surto pode ser interrompido e o público em geral não está em alto risco de infecção, mas que seria "extremamente imprudente" deixar o vírus circular amplamente por um longo período de tempo, ela disse. 

Os líderes chegaram à capital da Guiné, Conacri, para organizar a mobilização de centenas de médicos extras como parte de uma ajuda de emergência avaliada em mais de US$ 100 milhões da OMS. O plano conjunto também reforçará o cordão sanitário nas fronteiras, os esforços de prevenção e o centro de coordenação subregional na Guiné.
"Essa reunião deve ser um ponto de virada na resposta ao surto", disse Chan, de acordo com transcrição divulgada pela OMS.

O atual surto de Ebola "é, de longe, o maior das quatro décadas de história desta doença", alertou. A epidemia deixou até o momento 729 mortos, de acordo com o último balanço da OMS divulgado na quinta (31). Chan disse que as práticas culturais, como enterros tradicionais e crenças de que o isolamento leva à morte, foram uma causa significativa da difusão do vírus. Essas crenças fazem com que as pessoas prefiram tratar os doentes em casa, o que prejudica o controle do ebola.

MEDIDAS

A comunidade internacional já começa a contemplar a expansão do ebola como um perigo real, e o governo britânico realizou na quarta (30) uma reunião de emergência para avaliar a ameaça. O Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos EUA divulgou nesta quinta-feira um comunicado desaconselhando viagens "não essenciais" aos países africanos atingidos pelo ebola.

Tanto Libéria quanto Serra Leoa --dois dos países mais pobres do mundo-- também ordenaram o fechamento de escolas e mercados e puseram em quarentena comunidades afetadas pelo vírus. Na Nigéria, onde um homem da Libéria morreu de ebola após viajar a Lagos, a maior cidade do país, os aeroportos começaram a rastrear os passageiros provenientes de áreas de risco, inclusive medindo a sua temperatura. O país anunciou que colocará em quarentena duas pessoas que tiveram contato direto com o homem infectado.

O virologista leonês Sheik Umar Khan, 39, nesta terça-feira (29) após ter contraído o vírus do ebola. Na Libéria, dois voluntários americanos também foram infectados. As companhias aéreas Asky e Arik Air suspenderam os voos de e para Serra Leoa e Libéria. A doença --que se transmite por contato direto com sangue e fluidos corporais de pessoas ou animais infectados-- causa hemorragias graves e pode ter uma taxa de mortalidade de 90%. 

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