Onda de calor no Paquistão deixa mais de 500 mortos

AFP
23/06/2015 às 09:58.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:36
 (AFP)

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A onda de calor que afeta o sul do Paquistão matou mais de 500 pessoas nos últimos três dias e médicos e hospitais permanecem em estado de alerta.
A maioria das mortes aconteceram em Karachi, a maior cidade do país, com 20 milhões de habitantes, onde a temperatura alcançou 45 graus durante o fim de semana e muitos problemas foram registrados na rede de energia elétrica, o que afetou o fornecimento de água.

"O número de pessoas mortas na onda de calor nos hospitais do governo supera 500", disse Sabir Memon, um alto funcionário da secretaria de Saúde da província de Sindh, que tem Karachi como capital.

Os efeitos da onda de calor coincidem com o Ramadã, durante o qual os muçulmanos praticantes, majoritários no Paquistão, um país de 200 milhões de habitantes, permanecem em jejum entre o nascer e o pôr do sol.

Semi Khamali, médico no maior hospital de Karachi, afirmou que a instituição já tratou 3.000 pacientes. "Mais de 200 chegaram mortos ou faleceram no hospital", disse à AFP.

A Edhi Welfare Organisation, a ONG mais importante do país, informou que os necrotérios de Karachi receberam mais de 400 cadáveres nos últimos três dias.

"Os necrotérios alcançaram a capacidade máxima", afirmou à AFP o porta-voz da ONG, Anwar Kazmi.  Em Karachi, os cortes de energia elétrica prejudicam o sistema de distribuição de água e afetam milhões de consumidores.

De acordo com a meteorologia, as temperaturas na cidade devem permanecer em 44,5 graus nas próximas horas, mas com expectativa de tempestade durante o dia. O governo provincial decretou um feriado nesta terça-feira para forçar as pessoas a permanecerem dentro de casa. Muitas vítimas da onda de calor são pessoas que trabalham a céu aberto.

Ao mesmo tempo, o clérigo islâmico Tahir Ashrafi afirmou que as pessoas com mais risco podem abrir mão do jejum do Ramadã.

"Já afirmamos em várias emissoras de televisão que os que estão em risco, sobretudo em Karachi, onde a situação é muito grave, teriam que renunciar ao jejum", disse Ashrafi.

"O Islã estabelece as condições do jejum. O Alcorão sagrado inclusive menciona que os pacientes ou os viajantes que não podem aguentar o jejum podem adiá-lo, assim como as pessoas que são frágeis ou idosas ou que podem ficar doentes ou morrer pelo jejum teriam que abster-se", recordou o clérigo.

O porta-voz da Autoridade Nacional de Gestão de Catástrofes (NDMA), Ahmed Kamal, anunciou à AFP que o governo pediu ajuda ao exército e aos Rangers, uma força paramilitar, para ajudar as vítimas.

Unidades serão criadas em todos os hospitais para proporcionar os medicamentos de emergência necessários para as vítimas do calor.

A onda de calor é similar à que afetou a vizinha Índia nas últimas semanas, a segunda mais importante da história do país e que deixou mais de 2.000 mortos.

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