Operações em curso no Mali para encontrar assassinos de jornalistas

AFP
04/11/2013 às 15:27.
Atualizado em 20/11/2021 às 13:54

BAMAKO - A França e o Mali lançaram operações para encontrar os assassinos de dois jornalistas franceses friamente mortos sábado perto de Kidal (nordeste), cujos corpos devem ser repatriados a Paris.

"Operações para identificar uma série de pessoas em acampamentos" foram lançadas domingo e ainda estão "em andamento" nesta segunda-feira para encontrar os autores do sequestro e assassinato a tiros de dois jornalistas da Radio France Internationale (RFI), Ghislaine Dupont e Claude Verlon, declarou o ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius .

"Atualmente não sabemos com certeza quem cometeu os assassinatos. Faremos todo o possível para encontrar os assassinos, condená-los e castigá-los", assegurou Laurent Fabius .

Investigadores franceses devem chegar a Bamako nesta segunda-feira (4), de acordo com uma fonte próxima à investigação na França.
 
Uma fonte da polícia Gao, a maior cidade no norte do Mali, indicou que 10 suspeitos foram detidos na região de Kidal depois dos assassinatos, uma informação negada por Paris.

Esta mesma fonte da polícia de Gao indicou "que os serviços malineses e franceses trabalham em conjunto" na caça aos assassinos dos jornalistas mortos a cerca de 12 km de Kidal.

Em Paris, a comitiva do ministro francês da Defesa Jean-Yves Le Drian negou que tenha havido prisões: "Para nós, França e Serval (nome da operação militar francesa no Mali), nenhuma prisão".

Mas os militares franceses têm "indicações que permitem rastrear" os assassinos, de acordo com a comitiva de Le Drian.

Os corpos de Ghislaine Dupont, de 57 anos, e Claude Verlon, 55, foram levados de Kidal (1.500 km a nordeste de Bamako), via Gao, em um avião militar francês domingo à noite para o aeroporto de Bamako.

Delegação da RFI em Bamako

Membros da direção do RFI chegaram à capital do Mali no domingo à noite para organizar o repatriação dos corpos o quanto antes.

A delegação, liderada por Marie-Christine Saragosse, presidente da companhia France Médias Monde, que inclui a RFI, deve encontrar no início da tarde o presidente malinês Ibrahim Bubacar Keïta e o seu premiê Umar Tatam Ly.

Ela também deve participar de uma marcha organizada em Bamako em homenagem aos jornalistas, antes de uma cerimônia oficial.

Segundo o chanceler francês Laurent Fabius, "os dois foram assassinados friamente. Um recebeu duas balas, o outro três balas", mas não havia "traços de tiros" no veículo, portanto "não houve (...) combate".

Muitos mistérios permanecem sobre as causas e circunstâncias da morte desses dois profissionais experientes, sequestrados em plena luz do dia em uma cidade onde, de acordo com o ministro malinense da Defesa, Sumeilu Bubèye Maiga, "a soberania do Estado não é eficaz".

Segundo ele, "a situação é tal que todas as infiltrações são possíveis", incluindo a de radicais islâmicos armados ligados à al-Qaeda, que ocuparam Kidal e todo o norte do Mali por vários meses em 2012, antes da chegada do exército francês em janeiro de 2013.

Segundo Ambéry Ag Rhissa, um representante do Movimento Nacional para a Libertação do Azawad (PMNLA, rebelião tuaregue), entrevistado pela dupla, os sequestradores falavam tamachek, a língua dos tuaregues.

Kidal, localizada a mais de 1.500 km de Bamako, é o berço da comunidade tuaregue e do PMNLA, que condenou no sábado as mortes e prometeu "todos os esforços para identificar os culpados".

De acordo com o porta-voz do Estado-Maior francês, o coronel Gilles Jaron, a hipótese de uma execução, enquanto os sequestradores tentavam escapar de seus perseguidores não é crível.

Ele indicou que as forças francesas baseadas no aeroporto de Kidal, alertadas do sequestro, enviaram uma patrulha e dois helicópteros para o local. Os corpos foram encontrados sem que os assassinos fossem vistos.

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