Papa Francisco pede aos EUA que acolham imigrantes latinos

FOLHAPRESS
23/09/2015 às 22:23.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:50
 (Andreas Solaro)

(Andreas Solaro)

Em seu primeiro dia de agenda pública nos Estados Unidos e após passar por Cuba, o papa Francisco reforçou mensagens caras a seu pontificado como a necessidade de acolher imigrantes, acabar com a pobreza e enfrentar mudanças climáticas, no tom pastoral que lhe é peculiar.   Em encontro com bispos na catedral de São Mateus, em Washington, nesta quarta (23), Francisco -que é argentino e tem pais italianos-  lembrou de sua origem para pedir que a Igreja Católica nos Estados Unidos acolha imigrantes, "sem medo".   O papa afirmou que falava não apenas como bispo de Roma, mas como "pastor que vem do Sul". Tentando evitar um tom de desafio, mais de uma vez disse não ter o que "ensinar", mas pediu "permissão" para "sugerir" uma conduta inclusiva.   "Sinto a necessidade de agradecê-los e incentivá-los. Talvez não seja fácil para vocês lerem a alma [dos imigrantes]. Talvez vocês sejam desafiados pela diversidade. Mas é certo e, mantenham isso em mente, que eles também têm recursos a dividir. Abram os braços sem medo."   A Igreja Católica dos Estados Unidos tem perdido fiéis. São hoje 70 milhões -21% da população americana, menos que os 24% de 2007, segundo o respeitado instituto Pew.   Católicos de origem latina representam parcela cada vez maior. Eram 25% em 1980 e hoje são 40%, mostrou estudo do Boston College. Contudo, apenas 10% dos bispos têm origem hispânica.   O discurso de Francisco foi simbolizado pela imagem de uma menina de cinco anos, filha de mexicanos, que, em meio à multidão, entregou-lhe uma carta contra a deportação de crianças imigrantes.   ABUSO SEXUAL   Em sua mensagem aos bispos, Francisco condenou padres americanos pelo abuso sexual de crianças e disse que esses "crimes", que abalaram a credibilidade da igreja no país, não podem se repetir.   Ao transmitir uma mensagem de compreensão do "sofrimento" impingido aos bispos, Francisco colocou-se ao lado da igreja americana, em vez de condená-la.   "Tenho ciência da coragem com que vocês enfrentaram momentos difíceis na história recente da igreja neste país, sem medo de autocríticas, a despeito do custo de enorme sacrifício", declarou.   O papa foi especialmente aplaudido quando um bispo transmitiu as "desculpas" de Francisco por não poder cumprimentar todos os presentes.   CLIMA COM OBAMA   Mais cedo, Francisco elogiara os esforços do presidente Barack Obama por sua tentativa de combater o aquecimento global, em declaração conjunta na Casa Branca.   Falando em inglês, o papa, que publicou uma encíclica neste ano sobre a questão ambiental, citou um ícone cristão americano.   "Como afirmou o reverendo Martin Luther King, podemos dizer que optamos por uma nota promissória e agora é hora de honrá-la."   Obama, que é protestante, defendeu a necessidade de se proteger "o planeta que Deus, magnificamente, nos deu" e disse que o papa inspira católicos e não católicos com suas palavras e atos.   Francisco também realizou a primeira canonização católica em solo americano, a do padre Junípero Serra.   Serra, polêmico por ter açoitado índios ao fundar missões na Califórnia, no século 18, se torna santo por seu trabalho de evangelização.

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