Polícia investiga motivações do atirador da base naval em Washington

AFP
17/09/2013 às 16:22.
Atualizado em 20/11/2021 às 12:29

WASHINGTON - A polícia americana investiga as motivações do homem suspeito de matar 12 pessoas na última segunda-feira (16) em uma base administrativa da Marinha em Washington, nos Estados Unidos.    Morto pela polícia, Aaron Alexis, tinha 34 anos e seria originário de Fort Worth (Texas), de acordo com o FBI. "Ele teria entrado (nas instalações da Marinha) por meios legítimos", indicou à AFP um funcionário da Defesa. Mas as primeiras revelações sobre o passado deste ex-militar e seus problemas comportamentais levantam a questões sobre como esse tiroteio pode acontecer.   "Este é um dos lugares mais seguros do país. E como tudo isso aconteceu é inacreditável", afirmou o prefeito de Washington DC, Vincent Gray. "É difícil acreditar que alguém como este homem possa ter obtido as autorizações, as qualificações para entrar na base", acrescentou.   O tiroteio no coração da capital federal é o maior em uma instalação militar desde a morte de 13 soldados na base de Fort Hood, Texas (sul), em 2009.   O acesso ao local do incidente na manhã desta terça-feira (17) era restrito ao pessoal essencial, para facilitar o trabalho dos investigadores do FBI   O ministro da Defesa, Chuck Hagel, que falou de "um dia trágico" para o Exército e para o país, depositou nesta manhã uma coroa de flores no Memorial da Marinha para homenagear as vítimas.   Já o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ordenou que as bandeiras fossem hasteadas a meio mastro até sexta-feira à noite.   Na segunda-feira à noite, a empresa Hewlett-Packard revelou que Alexis trabalhava como programador de uma terceirizada responsável pela atualização da intranet da Marinha e do corpo de fuzileiros navais americanos.   A Polícia Federal americana lançou um apelo público por informações sobre o atirador. "Queremos saber tudo o possível sobre seus movimentos recentes, contatos e conhecimentos", indicou.   Acesso de fúria    A Marinha americana confirmou que Alexis, nascido em Nova York, tinha servido nesta força entre 2007 e 2011, antes de virar funcionário terceirizado da empresa de informática Hewlett Packard (HP).   O jovem teria se envolvido em uma série de incidentes relacionados ao seu comportamento, enquanto estava nas Forças Armadas, segundo um oficial militar sob condição de anonimato. Mas, apesar da conduta inapropriada e casos de insubordinação, Aaron Alexis nunca foi alvo de processos judiciais e deixou a Marinha com honras.


Aaron Alexis tinha crise de fúria e sofria de um transtorno desde os atentados de 11 de setembro (Foto: AFP)   Ele era conhecido por praticar meditação num templo budista, mas também por seus ataques de fúria. Foi preso em 2010, no Texas, por ter atirado no teto de seu apartamento, o que aterrorizou sua vizinha, e em 2004, em Seattle, por ter atirado nos pneus de um carro estacionado em frente a sua casa.   Seu pai evocou as "dificuldades para controlar sua raiva" e falou de transtorno de estresse pós-traumático (PTSD), que ele sofria desde os ataques de 11 de setembro de 2001, de acordo com um relatório da polícia divulgado no site Seattle.gov.   Por trabalhar numa empresa que prestava serviços à Marinha, Alexis possuía uma habilitação que possibilitava a sua entrada no complexo. Esse procedimento de habilitação é concebido para "determinar se uma pessoa representa um risco potencial de espionagem", e não para "desqualificar" uma pessoa que pode ter cometido um delito menor no passado, explicou um responsável do Pentágono.   "Temos a certeza de que há apenas uma única pessoa responsável pela perda de vidas no prédio", garantiu na segunda a chefe de polícia da capital, Cathy Lanier. As autoridades averiguaram durante todo o dia se Aaron Alexis teria se beneficiado ou não da cumplicidade de outro atirador.   O prefeito de Washington não quis especular sobre as motivações do atirador, mas apontou para os cortes de gastos que provocaram a diminuição da segurança no complexo de Navy Yard.   Na Casa Branca, o presidente Barack Obama condenou o que chamou de ato covarde e lamentou mais um tiroteio no país. "Estamos outra vez diante de um tiroteio generalizado", lamentou. "À medida que a investigação sobre o ocorrido avançar, faremos o possível para que quem quer que tenha cometido este ato covarde seja responsabilizado", disse o presidente.   O tiroteio começou por volta das 8h20 locais (9h20 de Brasília) em um complexo de edifícios chamado Washington Navy Yard, uma sede histórica da Marinha americana e que atualmente abriga o Comando dos Sistemas Navais do país.   De acordo com informações preliminares, Alexis entrou no chamado Edifício 197 do complexo militar, onde trabalham cerca de 3.000 pessoas, e atirou várias vezes. O conjunto de edifícios abriga, entre outras instalações, a residência do chefe do Estado-Maior da Marinha americana, almirante Jonathan Breenert.   O mais antigo estabelecimento da Marinha dos Estados Unidos serve atualmente como base administrativa da instituição e é a sede do Comando de Operações Navais dos Estados Unidos.   No Washington Medical Center, a diretora do hospital Janis Orlowski disse ter recebido três pessoas gravemente feridas, mas que "passavam bem" na manhã desta terça.   O tiroteio levou legisladores americanos favoráveis ao reforço das leis que regem a venda de armas de fogo a expressar sua indignação. "O Congresso deve parar de fugir da responsabilidade e buscar uma reflexão sobre a violência ligada às armas neste país", declarou a senadora democrata Dianne Feinstein, autora de um projeto de lei contra as armas semi-automáticas.

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