Presidente eleito da Argentina defende a suspensão da Venezuela do bloco

Bruno Moreno - Hoje em Dia (*)
24/11/2015 às 07:54.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:03
 (AFP)

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A derrota do kirchnerismo na Argentina, com a vitória de Mauricio Macri à presidência, abrirá caminho para um novo capítulo no Mercosul. O foco será a Venezuela e tudo indica que será tenso.

A próxima cúpula do bloco econômico está marcada para o dia 21 de dezembro, no Paraguai, e Macri já adiantou que pedirá a aplicação da Cláusula Democrática do bloco sobre a Venezuela “pela perseguição de opositores”.

Ele alega que houve alteração da ordem democrática no país governado por Nicolás Maduro e, por isso, a Venezuela deve ser excluída temporariamente.
Na opinião do professor de Direito Internacional da faculdade Dom Helder, Sebastien Kiwonghi, Macri já mostrou de que lado está quando disse que quer rever a situação da Venezuela. “Isso já marca pelo menos um fato que vai ser polêmico no Mercosul”, salienta.

Já a professora da Faculdade de Direito da UFMG, Jamile Bergamaschine Mata Diz, que estuda a fundo o Mercosul, concorda que a Venezuela será o tema principal dos debates do bloco econômico. “As declarações de Macri não convergem com a conduta dos países membros do Mercosul em relação à Venezuela”, avalia.

No entanto, apesar da previsão de embate no cenário político, ambos analistas concordam que, a princípio, em termos econômicos, Macri deve manter a participação da Argentina no Mercosul, que pode ser até mesmo fortalecida.

Apesar disso, Sebastien Kiwonghi avalia que o candidato eleito deve recriar laços econômicos com os Estados Unidos.

Mudança

A vitória do oposicionista ao kirchnerismo pode sinalizar uma mudança na política sul-americana, que desde o início dos anos 2000 tem eleito governantes mais identificados com causas sociais, considerados com uma pensamento à esquerda.

Para o professor Kiwonghi, a mudança é significativa. “Nós vivemos praticamente 12 anos de kirchnerismo. Já é o fim de uma Era que apoiava alguns regimes mais à esquerda e, nesse caso, o novo presidente eleito vai dar uma verdadeira guinada geopolítica na América do Sul”, avalia.

No entanto, para a professora Jamile Diz, é perigoso antecipar uma mudança de rumo. “A vitória da oposição na Argentina poderia representar um primeiro passo na renovação de um quadro político na América do Sul, mas ainda é cedo para fazermos uma análise”.

(*) Com Agências

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