(DMITRY LOVETSKY/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)
Os rebeldes separatistas da Ucrânia entregaram nesta segunda-feira (21) a autoridades da Malásia as caixas-pretas do voo MH17, quatro dias após a queda do avião no leste do país, que matou 298 pessoas. Também nesta segunda, o trem que armazenava a maioria dos corpos das vítimas deixou a estação da cidade de Torez, controlada pelos separatistas. O destino dos vagões foi Kharkov, a maior cidade do leste em poder do governo da Ucrânia, que agora terá a ajuda de especialistas internacionais na identificação dos corpos. Enquanto se definia o destino dos corpos, a cidade de Donetsk, sob domínio dos insurgentes, viveu um dia de tensão, com confrontos na área da estação de trem. Pelo menos três pessoas teriam morrido. O presidente da Ucrânia anunciou trégua num raio de 40 km da área da queda do avião, mas a medida não atingia Donetsk. Ao todo, 282 dos 298 mortos foram localizados, além de fragmentos de 16 deles. Não há informação precisa sobre quantos foram transportados nos vagões, mas a estimativa é que teria sido praticamente a totalidade. O transporte dos corpos envolveu longa negociação entre observadores da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) e os separatistas. Os rebeldes, que controlam a região, são acusados pelo governo da Ucrânia de ter derrubado o avião da Malaysia Airlines, que ia de Amsterdã (Holanda) a Kuala Lumpur (Malásia). Nesta segunda-feira, a reportagem acompanhou a visita dos observadores, que contou com a presença de especialistas holandeses. Cercados por rebeldes, eles tiveram acesso rápido aos vagões, apenas como forma de monitoramento. O cheiro dos cadáveres, que ficaram dois dias a céu aberto na área onde o avião caiu, era perceptível do lado de fora da estação. Os rebeldes, todos armados, se irritaram com a presença da imprensa, tentando impedir o acesso à área. Os corpos foram levados para os vagões no fim de semana, sem nenhuma espécie de fiscalização.
Atualizada às 21h55