Restos de vítimas do anatomista nazista August Hirt, conservados em frascos e provetas cuja existência era desconhecida pelos pesquisadores, foram encontrados no Instituto Médico Legal de Estrasburgo, França, anunciou neste sábado (18) a prefeitura da cidade. A descoberta foi feita no último dia 9 pelo historiador Raphaël Toledano, autor de trabalhos sobre o tema, entre eles um documentário dirigido por Emmanuel Heyd. Os restos pertencem a várias das 86 vítimas de um projeto de "coleção de esqueletos judaicos" que Hirt desejava realizar.
Com a ajuda do diretor do Instituto de Medicina Legal de Estrasburgo, professor Jean-Sébastien Raul, o pesquisador conseguiu identificar várias peças, entre elas "um frasco contendo fragmentos de pele de uma vítima das câmaras de gás", assinalou. O pesquisador também encontrou "duas provetas, que continham o intestino e o estômago de uma vítima". A maioria dos restos, quase todos cortados em pedaços, havia sido encontrada pouco depois da libertação de Estrasburgo pelos aliados, em 1944, e foi rapidamente enterrada em um cemitério judaico.
Os fragmentos encontrados agora fazem parte dos elementos conservados pelo professor de medicina legal da Faculdade de Medicina de Estrasburgo, Camille Simonin, como parte de uma investigação sobre os crimes do doutor Hirt. Autoridades militares encarregaram Simonin da realização de autópsias para "determinar as condições que levaram à morte deliberada" das vítimas.
Durante suas pesquisas, uma carta deste médico com data de 1952 colocou o historiador Raphaël Toledano na pista dos restos. O documento citava "frascos com amostras recolhidas durante as autópsias das vítimas judaicas da câmara de gás de Struthof".
"As etiquetas identificam cada fragmento com precisão, e fazem referência, principalmente, à matrícula 107969, que corresponde ao número tatuado no Campo de Auschwitz no antebraço de Menachen Taffel, uma das 86 vítimas", acrescenta a fonte.
A prefeitura irá entregar os restos encontrados à comunidade judaica de Estrasburgo, para que sejam enterrados juntamente com as outras vítimas no cemitério de Cronenboug, assinalou.