ANCARA - O governo turco realizou nesta quarta-feira (22) uma nova limpeza na Polícia com a destituição ou transferência de cerca de 600 policiais, entre eles altos oficiais, em Ancara, Istambul e Izmir, informou a imprensa. As autoridades destituíram ou transferiram 470 policiais em Ancara; quinze em Izmir, oeste da Turquia; e cem em Istambul. Esta nova limpeza acontece em meio ao escândalo político e financeiro desencadeado por uma investigação judicial contra dezenas de pessoas ligadas ao primeiro-ministro turco, o islamita moderado Recep Tayyip Erdogan. Desde que eclodiu o escândalo, Erdogan realizou uma série de mudanças sem precedentes na Polícia e na justiça, denunciando um "complô" para desestabilizar seu governo, no poder desde 2002. Com esta nova onda de destituições e transferências, chegam a mais de 2.100 os policiais punidos desde meados de dezembro, de simples agentes a altos oficiais, segundo uma contagem da imprensa turca. Ao mesmo tempo, o governo também intensificou as mudanças na magistratura. Na terça-feira à noite, 96 promotores e juízes de várias cidades foram transferidos. O Parlamento turco começou a debater em uma sessão plenária, também na noite de terça, um polêmico projeto de lei para reformar o Alto Conselho dos Magistrados (HSYK) e que deixaria para o Ministério da Justiça a última palavra na designação de magistrados. Há um mês, Erdogan acusa seus ex-aliados do movimento do religioso muçulmano Fethullah Gulen de estarem infiltrados na Polícia e na administração judicial, e de terem manipulado as investigações por suspeitas de corrupção contra pessoas ligadas ao governo. A Turquia realiza eleições municipais em março e presidenciais em agosto deste ano.