Municípios mineradores estudam alternativas para superar crise após tragédias

Rafaela Matias
26/03/2019 às 22:24.
Atualizado em 05/09/2021 às 17:58
 (SAMUEL COSTA/ARQUIVO JORNAL HOJE EM DIA)

(SAMUEL COSTA/ARQUIVO JORNAL HOJE EM DIA)

Sem poder contar com a mineração, municípios atingidos pelo rompimento de barragens ou que vivem sob o risco de uma nova tragédia traçam um plano B para tentar salvar a própria economia. Correm atrás do prejuízo para buscar fontes alternativas de arrecadação e uma forma de garantir emprego para boa parte da população, que muitas vezes trabalha direta ou indiretamente para as mineradoras. 

Desde a tragédia em Brumadinho, em janeiro, nove unidades da Vale com barragens de alteamento a montante tiveram as atividades suspensas, além das minas de Timpobepa (Ouro Preto) e de Alegria (Mariana). Cerca de 40 milhões de toneladas de minério de ferro deixarão de ser extraídas ao ano, com prejuízos de R$ 12,12 bilhões, o que afeta diretamente a arrecadação dos municípios. Sem falar no efeito cascata, com desemprego, sumiço do dinheiro circulando na cidade e o baque sobre o comércio e serviços.

Foi da pior maneira possível que Mariana, na região Central de Minas, descobriu o peso da mineração – e da falta dela. O município, cuja receita dependia 80% da atividade, decretou calamidade financeira na última segunda-feira, após acumular perdas de aproximadamente R$ 100 milhões desde o rompimento da Barragem da mina de Fundão, da Vale, em 2015. 

Restou ao prefeito Duarte Júnior (PPS) buscar a diversificação econômica. “Estamos trazendo uma empresa têxtil e um dos maiores produtores de ovos de codorna do mundo. Não posso dizer ainda quais são, porque estamos terminando de acertar os detalhes, mas são duas empresas que vão gerar cerca de 800 empregos”, disse.

Em Brumadinho, que tinha 40% do orçamento total e 80% dos royalties dependentes da Vale, o turismo parece ser o caminho mais viável para a retomada econômica. Conforme o prefeito da cidade, Nenen da Asa (PV), as autoridades e lideranças locais estudam maneiras de incentivar as visitas ao museu de arte contemporânea Inhotim e de fomentar passeios ecológicos na região.

Considerada o “berço” da Vale, Itabira também se movimenta para diversificar a arrecadação. De acordo com a assessoria de comunicação do município, em abril a cidade vai receber uma comitiva de investidores chineses interessados na implantação de um parque tecnológico e de um aeroporto industrial de carga. Os investimentos internacionais, no entanto, ainda dependem de aprovação do governo federal.

Outra frente de atuação é a tentativa de se consolidar como “cidade universitária”. Atualmente, o campus da Universidade Federal de Itajubá (Unifei) em Itabira conta com cerca de 2 mil estudantes. A meta para os próximos anos é chegar a 10 mil. Além disso, a prefeitura trabalha para atrair faculdades particulares.

Autora do levantamento que aponta os prejuízos causados pela interrupção nas atividades da Vale, a Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais (Amig) pretende iniciar nas próximas semanas um novo estudo para tentar identificar o potencial de cada município para diversificar a economia. Agronegócio e turismo ecológico são algumas das saídas possíveis, além da mudança de setor produtivo.Editoria de Arte

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