Na Síria, regime desmente deserção de vice-presidente

AFP
18/08/2012 às 18:07.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:34
 (AFP)

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ALEPPO, Síria -  Zonas controladas por rebeldes continuavam sendo alvo neste sábado (18) de bombardeios por parte do exército sírio, ao mesmo tempo em que o governo desmentiu a deserção de seu vice-presidente, amplamente anunciada por redes de televisão árabes citando fontes insurgentes.

O vice-presidente "Faruk al-Shara não pensou em nenhum momento em sair do país", afirmou a rede de televisão pública citando um comunicado de seu gabinete, mas sem mostrar imagens dele.

Shara, a personalidade sunita mais proeminente do poder alauita, é um homem de confiança do regime e foi durante quinze anos chefe da diplomacia, antes de se tornar vice-presidente em 2006.

Várias redes de televisão árabes anunciaram sua deserção à Jordânia, citando os insurgentes.

Em um comunicado, o comando do Exército Sírio Livre afirma que, segundo "informações preliminares, teria ocorrido uma tentativa de deserção" que "terminou em fracasso".

Para Abdo Hussameddin, ex-ministro sírio de Petróleo e que abandonou o país em março, Shara teria tentado escapar do país, embora "há certo tempo esteja em uma casa vigiada".

Ultimamente, o regime sírio é atingido por deserções de membros do alto escalão, como a do primeiro-ministro Riad Hijab ou a do general Manaf Tlass, o oficial do exército de mais alta patente a ter abandonado o regime, e que era amigo de infância do presidente Bashar al-Assad.

Segundo o comunicado de seu gabinete, o vice-presidente Shara saudou a nomeação, na véspera, do novo mediador internacional para a Síria, Lakhdar Brahimi.

Shara é favorável a "uma posição unificada do Conselho de Segurança da ONU para que (Brahimi) possa realizar sua possível missão sem obstáculos", afirma a nota.

Brahimi, de 78 anos, substitui no cargo Kofi Annan, que apresentou sua renúncia diante do fracasso de seu plano de paz.

Esta nomeação foi feita um dia após o Conselho de Segurança ordenar, na quinta-feira, o fim da missão de observadores da ONU na Síria, diante da falta de acordo dos países para por fim a um conflito que não para de se agravar.

Mas o novo enviado das Nações Unidas e da Liga Árabe para a Síria disse ter pouca confiança que se possa acabar com a guerra civil no país árabe. "Acredito que vou colocar todos os meus esforços, vou fazer o máximo possível", declarou à rede de televisão France 24.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu um apoio internacional "forte, claro e unificado" a Brahimi.

A China, país aliado de Damasco, e os Estados Unidos, que pedem a renúncia de Bashar al-Assad, também prometeram apoiar Brahimi.

A Rússia saudou a nomeação de Brahimi, com a esperança de que retome o plano de paz de Annan e o acordo de Genebra, que propunha uma transição política no país.

Enquanto isso, no campo de batalha a violência prossegue.

A cidade de Azaz, situada na província de Aleppo, foi bombardeada neste sábado pela aviação do regime, informou o Observatório Sírio de Direitos Humanos, uma ONG que se apoia em uma rede de militantes e testemunhas.

Além disso, bairros de Aleppo, palco há um mês de uma batalha crucial entre os rebeldes e o regime, estavam sendo bombardeados, e eram registrados combates em outros setores.

A cidade de Hirak, na província de Deraa, era o alvo de fortes bombardeios, e em Homs, onde os rebeldes continuam controlando vários bairros, o setor de Khaldiyé estava sendo bombardeado, o que deixou um morto entre os civis.

Já em Damasco, o general Babacar Gaye, chefe da missão de observadores da ONU, que termina seu mandato no domingo, acusou o exército regular e os rebeldes de não respeitarem as obrigações em matéria de proteção aos civis, que morrem em grande número devido aos bombardeios e aos combates.

"As duas partes têm a obrigação, no âmbito do direito humanitário internacional, de garantir que os civis sejam protegidos", declarou o chefe atual da UNSMIS à imprensa em Damasco.

"Estas obrigações não foram respeitadas", disse.

Por sua vez, segundo a agência nacional libanesa, três sírios que haviam sido sequestrados por homens armados na estrada para o Aeroporto Internacional de Beirute foram libertados neste sábado.

"Eles foram libertados depois de terem sido roubados", indicou a agência.

Um oficial dos serviços de segurança havia dito anteriormente à AFP que os três sírios trabalhavam em um armazém de bananas na estrada para o aeroporto e haviam sido sequestrados na sexta-feira (17) por cinco homens armados.

 

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