Nada de coadjuvantes: candidatos a vice defendem participação ativa na chapa e no governo

Rafaela Matias
rsantos@hojeemdia.com.br
20/08/2018 às 20:40.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:01
 (Editoria de Arte)

(Editoria de Arte)

Em 2016, após o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), uma figura política voltou a ganhar destaque: o vice. Michel Temer (MDB), que ocupava o lugar na chapa da petista, assumiu imediatamente após a destituição da petista e governa o país há quase dois anos. Mais uma prova de que vice está longe de ser mero coadjuvante na chapa (vale lembrar também a ascensão de Itamar Franco após o impedimento de Fernando Collor). 

Não por menos, a composição passou a ser concorrida, o que exige atenção do eleitor, ressalta o cientista político Dimas Antônio de Souza, professor da PUC Minas. 

“É muito importante saber qual é o programa de governo e se o vice realmente tem compromisso com ele”, observa.

Em Minas, fato curioso: os três candidatos a vice dos postulantes mais bem colocados na disputa pelo governo do Estado fizeram a carreira política no Legislativo. E possuem perfil e objetivos bem distintos.

O tucano Antonio Anastasia (PSDB) escolheu o líder do partido na Câmara dos Deputados, com bom trânsito no parlamento e na bancada ruralista, Marcos Montes, como companheiro de chapa. Embora formado em medicina, ele garante que o seu papel não ficará restrito à área da saúde. “Além de médico, sou político. O senador Anastasia vai determinar os papéis de cada um e eu vou exercer o meu da melhor forma, onde for da vontade dele”, afirma. 

Sobre a crise política que assola o Estado, Montes acredita que o primeiro passo é fazer um diagnóstico dos problemas enfrentados e buscar ações para evitar que ela se aprofunde ainda mais. 

Defesa das mulheres
A deputada federal Jô Moraes (PCdoB), vice na chapa pela reeleição do atual governador Fernando Pimentel (PT), vê no seu histórico de defesa dos interesses da mulher um dos motes da campanha e garante que será atuante. “Muitas mulheres políticas integram as chapas como vice e a primeira coisa que queremos deixar claro é que não somos apenas substitutas, somos co-governantes. O papel das mulheres é o de ajudar a gerir com autonomia, com militância feminista. Não nos cabe essa imagem de vices decorativas”, afirma. Para basear o seu argumento, Jô relata que foi indicada como coordenadora do programa de governo e que ajuda a tomar as decisões que vão direcionar a campanha. “Quero estar na rua, nos espaços públicos, conversando e sentindo a contribuição que a sociedade quer dar”, contou. 
O atual presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Adalclever Lopes (MDB), foi procurado pela reportagem e preferiu não se manifestar sobre o assunto. Ele é vice do candidato Marcio Lacerda (PSB), que enfrenta uma disputa jurídica para garantir a candidatura. 

O cargo de vice-governador, como o de vice-presidente da República, é necessário para a imediata substituição do titular em caso de eventual ausência do mesmo. Isso significa que é o vice quem ficará no lugar do candidato sempre que ele precisar se ausentar, para fazer viagens ou tratar da saúde, por exemplo. 

 Nanicos encampam discurso com agendas econômicas

Paulo Brant (Novo), na disputa ao lado do candidato Romeu Zema (Novo), garante que a sua formação em economia será primordial para ajudar na reestru-turação do Estado. Segundo ele, a crise enfrentada atualmente é de natureza estrutural e requer um conjunto de medidas, de curto, médio e longo prazos para ser solucionada. 

“Teremos três agendas. Uma para melhorar a gestão pública, reduzindo a cúpula do governo, os encargos funcionais e as secretarias. A segunda, para melhorar a eficácia do governo a médio prazo, mudando a natureza do Estado e equacionando o problema da previdência. A terceira seria a retomada do crescimento, que tornaria tudo mais fácil de ser resolvido. É claro que o Estado sozinho não é capaz de fazer isso tudo, mas ele pode ajudar”, explica. 

Sara Azevedo (PSOL), vice de Dirlene Marques (PSOL), vê a crise do Estado sendo enfrentada com uma lógica invertida sobre as apostas de investimento e gastos públicos. 

“Vivemos uma crise econômica, política e social a nível mundial, cujos efeitos nos atingem diretamente. Para sair dessa crise, nós acreditamos que a solução passa por adotar ações incisivas sobre os privilégios e benefícios que favorecem apenas uma parcela, como a distribuição de isenção fiscal a grandes conglomerados, enquanto a população recebe a maior carga de tributação”, afirma. 

Para Abraão Gracco (Rede), na disputa pelo governo ao lado de João Batista Mares Guia (Rede), a crise política e a insegurança jurídica são alguns dos principais fatores a serem solucionados. 

“O que nós vivemos atualmente é uma crise econômica e política. Falta um projeto de nação, de Estado, uma reformulação da economia. Ninguém investe sem segurança jurídica. Minas Gerais está sendo desindustrializada e isso interfere na nossa arrecadação, no valor agregado, na geração de empregos. Temos que retomar o protagonismo de Minas no setor de serviços, na agropecuária e na indústria”, defende. 

 

 

 

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