Negócio próprio cresce nas universidades de Minas

Tatiana Moraes - Hoje em Dia
16/03/2015 às 07:52.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:21
 (Frederico Haikal/Hoje em Dia)

(Frederico Haikal/Hoje em Dia)

Os universitários mineiros são mais empreendedores do que a média nacional, embora as empresas administradas por eles precisem de uma dose extra de inovação. É o que aponta a Pesquisa Empreendedorismo nas Universidades Brasileiras, realizada pelo Sebrae e pela Endeavor, organização internacional sem fins lucrativos que promove o empreendedorismo de alto impacto em mais de 20 países.

Dos estudantes entrevistados, 13,3% possuem negócio próprio, enquanto a média do país é de 11,2%. No entanto, enquanto no Brasil 18,2% são consideradas inovadoras aos olhos dos clientes, em Minas Gerais apenas 10,5% possuem o diferencial competitivo necessário para sobressair.

Conforme aponta o estudo, 23,50 das empresas mineiras administradas por estudantes não se consideram inovadoras. O índice é pior do que a média nacional: 26,30%.

Na avaliação do coordenador do escritório regional de Minas Gerais da Endeavor, Enio Borges, a inovação é fundamental para driblar os desafios econômicos. Principalmente em momentos atribulados, como o vivenciado atualmente.

“A inovação é extremamente importante para abrir mercado, facilita a atração de clientes e influencia a maneira como o empreendedor atua frente à concorrência”, afirma.

Quando o quesito inovação é destrinchado, 63,20% dos universitários mineiros consideram as empresas que possuem como “inovadoras em parte”, enquanto a média nacional é de 57,60%.

A vontade de ter um negócio próprio entre os estudantes é grande. Entre os universitários mineiros entrevistados, os potenciais empreendedores representam 58,78%, contra 57,90% da média nacional.

Apesar disso, o coordenador do escritório regional da Endeavor ressalta que falta dedicação dos alunos. Segundo ele, apenas 14,1% investem tempo e dinheiro em aprender sobre como abrir uma empresa.

Aos 22 anos, o estudante de publicidade Rafael Simões já é sócio de dois negócios, a Wazzup, produtora de eventos, e a WZTalent, agência de talentos.

Ele considera as empresas inovadoras em parte e o motivo é o público a que atendem. “Em Belo Horizonte não há muito espaço para novidades radicais. Se criarmos algo muito diferente, em pouco tempo as pessoas se cansam”, opina Simões.

Apesar disso, ele afirma que não é possível trabalhar com sonhos sem se diferenciar no mercado. “Fazemos 40 eventos por ano, cada um com sua cara, com suas especificidades”, comenta o empresário.

Juventude mantém perfil cauteloso característico do mineiro

Sem prática e sem teoria, o índice de confiança é baixo: 20%. Para as pessoas que estudaram empreendedorismo, a confiança é maior e chega a 40%. “Quem se dedica já chega ao mercado com uma carga maior. Tem mais possibilidade de enfrentar desafios”, afirma o coordenador regional de Minas Gerais da Endeavor, Enio Borges.

Embora os números sejam claros quanto à importância da teoria para que a prática seja um sucesso, menos da metade dos estudantes já cursaram empreendedorismo. No Brasil, a média é de 48,70%. Em Minas Gerais, o índice é ainda menor, de 46,20%. Interesse, no entanto, há. Em Minas, 22,60% gostariam de estudar disciplinas ligadas ao empreendedorismo, mas o curso que escolheram não oferece. No Brasil, 17,60% desejam fazer alguma especialização fora da faculdade.

Outro ponto levantado pela pesquisa é a quantidade de funcionários que os empreendedores em potencial pretendem ter em cinco anos. Em Minas Gerais, 10,6% pretendem ter mais de 25 funcionários, contra 11% no país. Borges ressalta, porém, que 5,2% das empresas administradas atualmente pelos estudantes mineiros entrevistados possuem mais de 25 empregados, contra 1% na média do país. Neste caso, o perfil cauteloso do mineiro pode ser responsável pela diferença entre a expectativa em relação ao futuro e a realidade. “O mineiro é muito observador, estuda o mercado, é cauteloso. Faz parte da forma como ele enxerga o mundo”, diz.
 

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