No Rio, professores não chegam a acordo com governo

Clarissa Thomé e Liana Leite
19/08/2013 às 18:45.
Atualizado em 20/11/2021 às 21:07

Sem acordo após nova rodada de negociações com a Secretaria de Estado de Educação, cerca de 100 professores fizeram, nesta segunda-feira (19), protesto no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro próximo ao prédio onde reside o governador Sérgio Cabral (PMDB). Usando narizes de palhaço e portando apitos, os manifestantes criticaram a política de educação e cultura do Estado. Muitos motoristas que passaram pelo local acabaram buzinando em sinal de apoio aos professores, que estão em greve desde o dia 8 de agosto. A Avenida Delfim Moreira foi fechada por 50 minutos, mas não houve repressão policial.

Pela manhã, uma comissão do Sindicado Estadual dos Profissionais de Educação se reuniu com o secretário de Educação, Wilson Risolia. O secretário manteve a determinação de registrar como falta não justificada a ausência dos professores grevistas e não aceitou reabrir as negociações por reajuste salarial (o governo aumentou em 8% o piso dos professores em junho, que está em R$ 1.080, mas a categoria pede reajuste de 16%).

O secretário, no entanto, aceitou discutir uma das principais reivindicações dos grevistas: a garantia de que o professor com uma matrícula trabalhe em apenas uma escola em vez de dar aulas em outras instituições para cumprir a carga horária. Uma nova reunião foi marcada para a sexta-feira, 23. "É fundamental para o processo pedagógico que o professor tenha vínculo com a escola. E o que temos hoje são casos de professores que chegam a dar aula em sete, oito escolas", afirmou a coordenadora-geral do Sepe, Marta Moraes.

Câmara

As pautas de votação da Câmara de Vereadores do Rio estão paradas há pelo menos uma semana. O prazo coincide com a ocupação da casa por manifestantes, mas, segundo parlamentares de oposição ao prefeito, Eduardo Paes, a explicação para a interrupção dos trabalhos é a falta de quórum no plenário. Cento e vinte projetos deixaram de ser votados.

Para o vereador Reimont (PT), dissidente da base aliada, há uma mobilização interna da casa para que as reuniões deixem de acontecer. "Na semana passada éramos vários os inscritos. Eu era o próximo a falar. De repente você vê todo mundo saindo, escapulindo como água saindo de uma vasilha furada. E alguém vai e pede verificação de quórum. Aí se constata que tem treze, quatorze vereadores na casa e a sessão cai. É receio dessa cobrança que a sociedade tem feito. Portanto, uma articulação interna para desmobilizar o trabalho", acredita.

O vereador da base governista e presidente da CPI dos Ônibus, Chiquinho Brazão, nega qualquer tipo de manobra. "Os manifestantes estão atrapalhando o bom funcionamento da casa, impedindo a entrada de vereadores. Espero que o clima de normalidade seja estabelecido o mais rápido possível", disse.
http://www.estadao.com.br

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por