Novos radares não irão previnir acidentes se motoristas desrespeitarem sinalização

Do Hoje em Dia
11/08/2012 às 07:17.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:22

O governo está investindo mais de R$ 773 milhões para instalar radares nas principais rodovias do país, a pretexto de reduzir o número de acidentes provocados por alta velocidade. Em Minas, foram instalados 213, que começaram a multar no mês passado, e outros 208 entrarão em serviço até o fim de 2013.

Há controvérsias sobre a eficiência desses aparelhos na redução de acidentes, pois os motoristas não educados só vão diminuir a velocidade quando se aproximarem dos radares, momento em que são avisados por placas de advertência. As placas foram obrigatórias até 2003, quando deixaram de ser por decisão judicial. Daí a três anos a obrigatoriedade voltou, mas em dezembro do ano passado ela foi extinta, por resolução do Conselho Nacional de Trânsito.
Mas as placas não foram ainda retiradas, por inércia ou, como alega o Dnit, porque são úteis para evitar que os motoristas freiem bruscamente ao se verem surpreendidos por um radar logo adiante, o que pode também provocar acidentes.

Essa indecisão por parte das autoridades responsáveis pelo trânsito se origina da incerteza sobre a utilidade dos radares para, de fato, reduzir acidentes nas rodovias. Se os motoristas só trafegam em velocidades compatíveis com a segurança nos lugares em que existem radares, esses novos equipamentos, que custam caro aos contribuintes mineiros, estarão exercendo alguma influência em pouco mais de 400 quilômetros das rodovias federais localizadas no Estado, que somam 8.500 quilômetros. Ou seja, de toda a extensão dessas rodovias, 84% estariam desprotegidos por esses aparelhos.

Se todas as placas forem retiradas, mesmo assim os motoristas que não querem viajar nas velocidades recomendadas – e que às vezes são inexplicavelmente baixas para as condições das rodovias e dos veículos, o que acaba induzindo o desrespeito à sinalização – têm outras formas de se protegerem contra as multas aplicadas por meio dos radares. Estão disponíveis no mercado aparelhos eletrônicos que os detectam. Além disso, uns motoristas avisam aos outros, piscando os faróis, numa falsa solidariedade. A verdadeira solidariedade é não matar alguém pela imprudência ao dirigir.
De qualquer forma, o governo continua faturando alto com os radares. E se quer mesmo diminuir sofrimentos e despesas causados pelos acidentes, deveria cuidar de gastar mais com a educação no trânsito. Começando ainda nos bancos escolares. Em outros países, isso funcionou.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por