O auge da crise: confiança de comerciantes despenca e shoppings podem ter onda de despejos

Evaldo Magalhães
efonseca@hojeemdia.com.br
24/03/2021 às 19:40.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:30
 (Cia. do Terno/Divulgação)

(Cia. do Terno/Divulgação)

A confiança dos empresários do comércio no país despencou neste mês, segundo pesquisa divulgada ontem pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O índice que traz a avaliação de cenário nacional pelos lojistas recuou nada menos que 18,5 pontos em relação a fevereiro, atingindo 72,5 numa escala que vai de zero a 200 (sendo que 100 é o divisor entre pessimismo e otimismo). Tratou-se da segunda pior pontuação desde maio de 2020 (67,4), ainda na primeira onda da pandemia.

Para economistas e para os próprios comerciantes, a tendência é de que a pontuação continue regredindo, diante do consenso de que Minas e o restante do Brasil atravessam o pior momento da crise da Covid-19 – exatamente um ano depois que o novo coronavírus aportou no Estado, em março de 2020. 

“O recrudescimento recente da pandemia, associado à lentidão do programa de imunização e à adoção de medidas de restrição à circulação, ajuda a explicar o cenário negativo na visão do setor. Os próximos meses serão desafiadores e o retorno a uma rota de recuperação dependerá da melhora efetiva dos números da pandemia”, disse o pesquisador da FGV Rodolpho Tobler.

“Sem dúvida, vivemos situação muito mais crítica que a do ano passado. A pandemia está pior, estamos com as lojas fechadas mais uma vez em todo o Estado, por causa da onda roxa do Minas Consciente, e não temos apoio governamental. Isso porque não existe mais a opção de reduzir salários ou suspender contratos de trabalhadores, contando com complemento do seguro-desemprego”, destaca Alexandre França, dirigente da Associação de Lojistas de Shopping Centers de Minas Gerais (Aloshopping-MG).

“Além disso, não há crédito facilitado para capital de giro, como ofereceu o Pronampe, que ajudou muita gente em 2020 e cujas parcelas, aliás, devem começar a vencer nos próximos meses”, acrescenta ele. 

No caso dos donos de lojas em shoppings, de acordo com França, o contexto é ainda mais desesperador. Um dos motivos é que, em boa parte dos cerca de 40 empreendimentos do tipo no Estado, pertencentes a diferentes redes, os administradores ainda definiram se darão ou não descontos em taxas obrigatórias aos lojistas, como ocorreu no ano passado.

“Os shoppings ainda não avisaram o que vão fazer com os lojistas. Em março de 2020, quando fechou tudo pela primeira vez, eles foram sensíveis e isentaram o pessoal do aluguel, enquanto não reabria, deram 50% de desconto nos condomínios e tiraram o fundo de promoção, que completa as taxas pagas pelos empresários”, relata. 

“Hoje, não sabem o que farão. Mas há alguns dizendo que não há como dar as mesmas condições do ano passado. Quer dizer, há risco de um despejo em massa de lojistas sem condição alguma de pagar o que deveriam”, completa, lembrando que os aluguel dos pontos segue sendo reajustado pelo IGP-M, que aproximou-se de 30% em um ano, em fevereiro, ante um IPCA de 4%. “Não há quem resista”, diz França. 

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