O baião na política

Do Hoje em Dia
30/06/2012 às 08:35.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:13

Como está não pode ficar. Isso parece óbvio para quem assiste ao espetáculo grotesco de candidatos empenhados em formar coligações a qualquer custo para ganhar um tempo a mais no programa eleitoral gratuito no rádio e na televisão.

O aperto de mão do ex-presidente Lula ao deputado Paulo Maluf, um homem procurado pela Interpol, mas dono de quase dois minutos no programa eleitoral gratuito, é um paradigma da situação a que chegamos.

Sim, é preciso mudar. E o quanto antes, melhor. Mas os prognósticos são muito ruins. Há quase um ano estão paradas na Câmara dos Deputados e no Senado propostas de emenda constitucional visando a reforma política. E não há perspectivas de que elas cheguem a bom termo.

As comissões de Constituição e Justiça das duas casas já aprovaram alguns pontos, mas não os mais importantes. Não se aprovou, por exemplo, o fim da reeleição, que a experiência brasileira já demonstrou ter sido um erro cometido em 1997, na presidência de Fernando Henrique Cardoso, maior do que se imaginava na época.

Não se deve esperar do Legislativo atual avanços como o fim do voto obrigatório, que beneficia apenas políticos em busca do eleitor despreparado para eleger bons candidatos. Trata-se de uma reminiscência do “voto de cabresto” dos primeiros anos da República. Muito tempo depois, vieram os votos dos analfabetos e dos menores de 18 anos, que serão mantidos.

Um consolo: estão prontas para votação, em plenário, irrelevâncias como a mudança da data de posse de presidentes da República, governadores e prefeitos.

E o contribuinte, mais uma vez, foi lembrado pelos legisladores. Também já pode ser votada a proposta de emenda constitucional que destina recursos ao Tribunal Superior Eleitoral em valor correspondente a R$ 7 por eleitor inscrito, a serem aplicados por partidos políticos e respectivos candidatos, nas campanhas eleitorais. Não é uma boa medida, pois o Supremo Tribunal Federal derrubou a cláusula de barreira instituída no governo FHC para evitar o surgimento de dezenas de partidos, sem outro fim que não o de fazer bons negócios em épocas eleitorais, como agora.

Outra questão que também parece ter sido decidida pelo Supremo é a fidelidade partidária. Os juízes, que não precisam agradar aos eleitores, ouviram antes o clamor das ruas. E enquanto os parlamentares se fingirem de surdos e os eleitores não se mobilizarem, o baião de dois vai continuar no luxuoso salão da política.

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