O país dos desdentados: Metade das crianças até 12 anos ainda tem cárie

13/08/2012 às 06:19.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:24

Não é por falta de dentistas que o Brasil continua sendo o país dos desdentados e, Minas Gerais, a terra de Tiradentes. Nessa terra, a principal cura para a dor de dentes de 4 milhões de pessoas é ainda a extração, depois de esgotados os recursos ao uso de ceras como a criada em 1922 por um dentista de São João Del Rei. Estima-se que existam no país cerca de 230 mil dentistas ou aproximadamente 820 por grupo de mil pessoas, em média, mais que o recomendado pela Organização Mundial de Saúde. Mesmo assim, quase 40 milhões de pessoas não têm acesso a tratamentos odontológicos.

Portanto, foi muito bem-vinda ao Estado a presidente Dilma Rousseff, ao lançar na última sexta-feira, no Norte de Minas, a etapa rural do Programa Brasil Sorridente. Em todo o país, o programa prevê investimentos de R$ 3,6 bilhões, até 2014, com a instalação de mil unidades odontológicas móveis. Em Minas, serão aplicados R$ 331,7 milhões.

Evidentemente, esses recursos são insuficientes para resolver os problemas nessa área, que é de extrema importância para a saúde da população. E como já se viu, não é por falta de mão de obra especializada. São 203 faculdades de odontologia no país e 24 em Minas. A cada ano, são formados mais de 9 mil profissionais, que necessitam de muita resignação e esforço para sobreviver exercendo a profissão que escolheu. Pois, se há um número imenso de pessoas que não têm acesso aos consultórios odontológicos, estes enfrentam, em sua maioria, escassez de pacientes, porque os excluídos não têm dinheiro para pagar o tratamento.

A solução é o poder público, em seus vários níveis, elevar os gastos com o tratamento odontológico dos que ainda não perderam todos os dentes. Evidentemente, oferecer mais dentaduras – e há candidatos que as prometem aos eleitores, país afora – não é a solução real. Esta começa, mais uma vez, na escola. A população necessita estar consciente, desde cedo, da importância de cuidar de seus dentes.

O Brasil não está mais entre os países com maior incidência de cárie, resultado do programa lançado em março de 2004 pelo Ministério da Saúde e que foi reforçado agora, no Norte de Minas, pela presidente Dilma. Nos primeiros dois anos do Brasil Sorridente, foram gastos pelo governo R$ 1,3 bilhão, contra R$ 141 milhões nos dois anos anteriores.

Ainda assim, dados do Ministério da Saúde mostram que metade das crianças até 12 anos ainda tem cárie. O esforço precisa prosseguir.

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