O Time de Zema: secretariado tem oito técnicos, duas indicações e um político

Lucas Simões
21/12/2018 às 20:51.
Atualizado em 05/09/2021 às 15:42
 (Maurício Vieira )

(Maurício Vieira )

 Após dois meses e meio, a equipe de transição do governador eleito Romeu Zema (Novo) completou ontem a lista dos 11 secretários que irão compor o alto escalão da administração do Estado. Apesar do anúncio de que haveria uma seleção de perfis técnicos, pelo menos três secretários não passaram por este processo. Um deles, inclusive, foi indicação política: o secretário de governo, Custódio Mattos, ex-secretário da gestão Aécio Neves (PSDB). Mattos será o principal articulador político de Zema com os deputados e prefeitos.

Amigo do vice-governador Paulo Brant, Mattos foi prefeito de Juiz de Fora, na Zona da Mata, por dois mandatos (1993 a 2005 e 2009 a 2012). Cumpriu três mandatos como deputado federal pelo PSDB e foi secretário de Desenvolvimento Social em Minas no fim do governo Aécio Neves, entre 2007 e 2008. O tucano também foi secretário de Desenvolvimento Econômico na gestão de Marcio Lacerda.

Mattos chegou a ser citado em delação do publicitário Marcos Valério, que o acusou de receber dinheiro de caixa dois para a campanha à prefeitura de Juiz de Fora, em 2004. Mas não foi investigado pela Justiça. Apesar da relação histórica com o ninho tucano, Mattos já estaria estudando deixar o partido, principalmente pelo desgaste do PSDB e pela recente saída do filho vereador em Juiz de Fora, Rodrigo de Matos, que trocou a legenda pelo PHS. A reportagem procurou Mattos, mas ele não retornou às ligações. Para o coordenador da equipe de transição, vereador Mateus Simões (Novo), a indicação de Mattos é política porque o cargo exige isso. 

“Tecnicamente é um cargo de interlocução com a Assembleia. E a opção foi por uma pessoa que tivesse histórico de relação política. Não temos no Novo outras pessoas que já tenham trajetória política e que pudessem fazer essa interlocução. Vou voltar para a Câmara, terminar o meu mandato, e não poderia fazer esse papel”, justificou Simões.

Os futuros titulares da Fazenda, Gustavo Barbosa, e de Gestão e Planejamento, Otto Levy, ambos cargos técnicos, também não passaram por processos seletivos — os outros oito secretários foram escolhidos em processos realizados pela ONG Associação Brasil do Futuro (ABF) e pela Exec, empresa especializada em recrutamento de executivos. 
Barbosa foi indicado por Gustavo Franco, consultor e espécie de guru econômico do Novo. Já Otto Levy foi escolhido “a dedo”, como preferência pessoal de Romeu Zema. 

Além deles, alguns secretários são oriundos de outros governos — apesar de Romeu Zema ter descartado inicialmente buscar profissionais já atuantes em outros projetos políticos. Marco Aurélio Barcelos, por exemplo, que ficará à frente da pasta de Infraestrutura e Mobilidade, atualmente trabalha diretamente com Michel Temer, como secretário de Articulação para Investimentos e Parcerias na Secretaria do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do governo Federal.

De perfil técnico, foram selecionados o médico Wagner Eduardo Ferreira, consultor da Organização Mundial da Saúde (OMS) e ex-diretor do MG Transplantes, que comandará a pasta da Saúde; Elizabeth Jucá, servidora de carreira da prefeitura de Juiz de Fora que assumirá a Secretaria de Impacto Social; e Germano Luiz Gomes Vieira, servidor de carreira e atual secretário de Meio Ambiente de Fernando Pimentel (PT), que seguirá no cargo no governo Zema.

Fusão de secretarias

Sem espaço no governo de Romeu Zema, as secretarias de Cultura e Esporte foram aglutinadas à Secretaria da Educação, o que provocou insatisfação desses segmentos. Da mesma forma, a Secretaria de Turismo foi unificada à pasta de Desenvolvimento Econômico.

Para Mateus Simões, porém, o enxugamento não é sinônimo de desprestígio. “As três áreas estão em secretarias fortes, que têm orçamento e capacidade de execução. Deixa de ser um simples reconhecimento de mérito político, como aconteceu nas gestões passadas, que davam prestígio à pasta, mas sem orçamento nenhum. Agora, a gente passa a tratar essas áreas dentro de secretarias relevantes”, disse Mateus Simões.

Porém, para o cientista político Sérgio Gadelha, da UFMG, a aglutinação de secretarias com temas distintos deverá impactar os respectivos orçamentos. “Cultura e Educação são áreas muito diferentes. E terão que dividir o orçamento. É preocupante porque não tem como uma das áreas não ficar prejudicada”, diz.

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