Open Banking: tem início sistema que gera liberdade a cliente e competitividade entre bancos

André Santos
andre.vieira@hojeemdia.com.br
01/02/2021 às 20:19.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:04
 (Carlos Rhienck/Arquivo)

(Carlos Rhienck/Arquivo)

O sistema financeiro brasileiro iniciou ontem um processo que deve modificar completamente a relação entre clientes e bancos. Tudo em razão do “Open Banking”, posto finalmente em vigor pelo Banco Central (BC), mas que será implantando em quatro fases, até dezembro. 

Por meio dele, os clientes terão acesso as informações que hoje estão sob o controle das instituições financeiros, como os dados cadastrais e o histórico de transações. A ideia é dar a tais clientes a possibilidade, de, com a posse desses dados, procurar outros bancos para contratar serviços, empréstimos e outras operações financeiras. 

Especialistas esperam que o Open Banking aumente a competitividade entre os bancos e traga aos clientes opções de serviços de créditos mais baratos e de melhor qualidade. Para o consultor do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do BC, Mardilson Fernandes Queiroz, o open banking mudará a lógica de funcionamento do sistema financeiro.

“O Open Banking traz pelo menos três vantagens para os clientes: oferta de produtos com juros mais adequados, o aumento da concorrência e a inclusão de brasileiros no sistema bancário”, destaca Queiroz.

Basicamente, o sistema propicia o compartilhamento de dados entre as instituições bancárias, sejam de pessoas físicas ou jurídicas, desde que a pedido dos clientes. Segundo o consultor financeiro Paulo Vieira, essa é a porta para a modernização e ampliação da competitividade do sistema financeiro nacional, que, apesar de muito sofisticado, sofre com a concentração de mercado. 

“Temos uma grande quantidade de produtos, mas a competividade é muito restrita. Com todo o processo de transparência e normatização do OB, como será feito pelo BC, isso deve mudar”, destaca Vieira.

Fato é que, com a novidade, será possível ao correntista buscar opções de crédito com muito mais facilidade. Por exemplo: um cliente do banco A poderá requisitar seu histórico de crédito, sobretudo se a ficha for de “bom pagador”, e levar essas informações ao banco B, com o qual não tem vínculo.

Assim, pode tentar obter um crédito que foi-lhe negado ou cujas condições não considerou satisfatórias, no primeiro. “O Open Banking parte do princípio de que os dados do consumidor são de sua propriedade e não do banco ao qual ele está vinculado. Com isso, ele pode exportar esses dados para qualquer banco e buscar o crédito ou serviço pretendido com melhores condições”, enfatiza o consultor.

Implantação se dará em quatro fases, até dezembro

O Open Banking entra em operação em quatro fases. Na primeira, iníiciada ontem, os dados de clientes ainda não serão movimentados, mas as instituições começam a criar um sistema de padronização de processos.

Já a partir da segunda fase, a partir de 15 de julho, elas podem compartilhar dados cadastrais de clientes (como nome, CPF/CNPJ, telefone, endereço, etc) e informações relacionadas à conta corrente, tarifas, entre outros.

Na terceira fase, prevista para 30 de agosto, começam a operação dos serviços de transação de pagamento (será possível que clientes façam transferência com o Whatsapp), além de compartilhamento do histórico de informações financeiras dos clientes. 

Já na quarta fase, em 15 de dezembro, estará liberado o compartilhamento de dados referentes a operações de câmbio, contas de depósito a prazo, seguros, previdência complementar aberta, entre outros. 

De acordo com o consultor do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do BC, Mardilson Fernandes Queiroz, países como o Reino Unido levaram pelo menos cinco anos para adotar o open banking. O técnico do BC, no entanto, reiterou que as quatro etapas serão concluídas em 2021, com a possibilidade de inclusão de produtos e serviços nos anos seguintes, como ocorre com o internet banking e o Pix.

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